Partido de Putin vence eleições marcadas por alegações de fraude

A popularidade de Putin está em quebra e o Partido Comunista Russo não reconhece o voto online.

Mais uma vez, Vladimir Putin, ganhou as eleições e mais uma vez estas foram marcadas por alegações de fraude eleitoral. Só que desta vez o seu partido, a Rússia Unida, com quase todos os votos contados, ficou apenas perto dos 50%, uma ligeira quebra em relação às eleições anteriores, mas ainda assim permite a Putin manter sob controlo mais de dois terços dos lugares na Duma, o Parlamento russo, permitindo-lhe fazer as alterações constitucionais que bem lhe aprouver. 

Apesar da quebra, a Rússia Unida teve um resultado melhor que o esperado, levando a celebrações no seu quartel-general. Afinal, há anos que a liderança de Putin, em tempos inquestionável para a vasta maioria dos russos tem sido alvo de crescente contestação. Algo que se tornou ainda mais claro com a recente reforma das pensões e com o aumento do custo de vida.

“Eles deram 10 mil rublos aos pensionistas, não sei se os gaste em meias ou cuecas”, queixou-se amargamente Olga, uma feirante dos Urais, a um repórter da France Press. Fala de uma quantia equivalente a 115 euros. “Somos como pedintes aqui, só compramos produtos com custo reduzido, comemos comida quase fora de prazo porque está em desconto”. 

Olga não é a única que está furiosa, sondagens citadas pelo Moscow Times colocavam o Rússia Unida com uns 30% das intenções, um nível historicamente baixo. É algo que acabou por não se traduzir nos resultados eleitorais, incentivando o Partido Comunista Russo, que foi o segundo mais votado, com 19,56%, a recusar os resultados eleitorais, em particular o voto online, uma novidade criticada pela oposição russa. 

“Estes resultados são totalmente implausíveis”, acusou Mikhail Lobanov, candidato comunista e professor de matemática, ao jornal moscovita. “Por isso é que estou a apelar a todos os candidatos que perderam no voto eletrónico que se reúnam para discutir o que fazer a seguir”. 

Contudo, mesmo esta ligeira quebra da Rússia Unida mostra que “apesar de todas as suas intervenções na campanha eleitoral e, alegadamente, em alguns casos até na contagem de votos, é muito claro que aqueles no poder em Moscovo não conseguem manipular completamente uma eleição”, escreveu Christian Trippe, diretor do serviço da DW na Europa de Leste. “E Moscovo não esqueceu os protestos massivos de há dez anos, depois de umas eleições que muitos pensaram terem sido roubadas”.