Montepio. Eugénio Rosa critica perda de resultados e associados

Economista fez contas às perdas dos capitais próprios e ao número de associados e arrasa resultados: “São prejuízos enormes” em sete anos.

O economista Eugénio Rosa, que também lidera uma das listas à liderança da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), chama a atenção para a degradação das contas do grupo. No ano passado, apresentou prejuízos de 86,2 milhões, em 2020, quando em 2017 lucrou 26,7 milhões de euros. Uma diferença que ganha maior relevo quando comparado com os capitais próprios e o número de associados.

Em 2017, a Mutualista apresentava capitais próprios negativos de 280,8 milhões e quase 626 mil associados, um número que desceu para 712,9 milhões de capitais negativos e cerca de 600 mil associados. “Estes dados mostram que os prejuízos continuam a acumularem-se com a destruição dos seus capitais próprios e também a perda de associados. Tudo isto consequência de uma gestão desastrosa de Tomás Correia/Virgílio Lima, agora continuada por Virgílio Lima”, refere no estudo a que o i teve acesso.

O economista vai mais longe. “Em 7 anos (2014/2020), a Associação Mutualista acumulou a nível das suas contas individuais 989,9 milhões de prejuízos e a nível das suas contas consolidadas – que incluem os resultados das 34 empresas que constituem o grupo Montepio – apresenta 618,8 milhões de prejuízos. E que não pararam em 2020. São prejuízos enormes que causaram uma enorme destruição de valor, fruto de uma gestão que não acautelou devidamente o património e as poupanças de cerca de 600 mil associados” (ver quadro).

Eugénio Rosa chama também a atenção para os investimentos aplicados pelos associados. Em dezembro do ano passado, tinham aplicados na Associação Mutualista 3206,1 milhões, sendo 79%% (2534,7 milhões) em modalidades de capitalização com uma duração máxima de 5 anos, e apenas 671,3 milhões em modalidades verdadeiramente mutualistas. “Mas a esmagadora maioria destas poupanças estão aplicadas nas empresas do grupo Montepio que são investimentos de longa duração, situação esta que envolve riscos, cuja rentabilidade tem sido muito baixa ou mesmo nula (o Banco Montepio há mais de 13 anos que não transfere qualquer dividendo para a Associação Mutualista)”, refere.

Liquidação de Cabo Verde A Caixa Económica Montepio Geral entretanto anunciou ontem a dissolução voluntária e liquidação da sua participada em Cabo Verde junto das autoridades locais. Na nota, é referido que “adicionalmente, tendo em conta a alteração das circunstâncias e os desafios colocados ao Banco, ao setor bancário e à economia portuguesa, o plano estratégico do banco Montepio proposto pelo conselho de administração e aprovado em Assembleia Geral de Acionistas, adotou um programa de ajustamento multidimensional e plurianual”.

De acordo com a instituição financeira, o programa assenta em quatro pilares estratégicos principais: atualização do modelo de negócio, considerando o reforço da relevância do negócio bancário doméstico, privilegiando a redefinição das participações internacionais; ajustamento operacional; preservação de capital e simplificação do grupo. “Considerando o novo enquadramento legal e a ponderação de todas as opções estratégicas relevantes, o Conselho de Administração do Banco Montepio concluiu pela não promoção das alterações necessárias à adaptação da sua filial como um banco de autorização genérica e, por conseguinte, deliberou aprovar as iniciativas processuais previstas na lei tendentes à sua dissolução voluntária e liquidação”, é sublinhado na nota.

O Banco Montepio adianta ainda que tem em curso a promoção de formas alternativas de cooperação com as instituições apropriadas da República de Cabo Verde, com vista a manter e reforçar a sua contribuição para o desenvolvimento sustentado do país.