Região Norte é a primeira a chegar à meta de 85% vacinados

Algarve é a região mais atrasada. Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública defende que o país avance para a última etapa do desconfinamento à mesma velocidade.

A região Norte é a primeira a alcançar o objetivo de 85% da população com a vacina da covid-19 completa. O balanço divulgado ontem pela Direção-Geral da Saúde, com respeito às vacinas administradas até ao último domingo mostra que a nível nacional falta serem administradas cerca de 200 mil doses para ser alcançada a meta de 85% da população vacinada. Mas mantêm-se assimetrias regionais: enquanto no Norte 88% da população tem a primeira dose da vacina e 85% a vacinação completa, no Algarve a percentagem de população com a primeira dose da vacina é ainda de 80%, com 76% da população com a vacinação completa. Atrás da média nacional estão também Açores e Madeira. No continente, a região Centro e o Alentejo têm 84% da população com a vacinação completa e 87% com a primeira toma. Em Lisboa e Vale do Tejo, 81% da população tem a vacinação completa e 84% pelo menos a primeira toma.

Preocupada com faltas à segunda toma, a task-force de vacinação fez ontem um apelo para que quem não compareceu ao agendamento recorra aos centros de vacinação na modalidade casa aberta (sem marcação). Questionada pelo i, a task-force não revelou quantas pessoas faltaram ao agendamento. A última indicação de Henrique Gouveia e Melo é que o objetivo de 85% da população vacinada deverá ser atingido entre a última semana de setembro e o início de outubro. Os dados divulgados ontem e o intervalo entre tomas tornam no entanto impossível que tal venha a acontecer no Algarve e nas ilhas.

 

Desconfinamento à mesma velocidade?

O levantamento das atuais restrições contra a pandemia tem sido apontado pelo Governo para quando o país atingir 85% da vacinação. O i tentou perceber se, atendendo à diferença entre regiões, poderão ser determinadas medidas diferentes consoante a cobertura vacinal, não tendo tido ontem resposta do Ministério da Saúde.

Ao i, Gustavo Tato Borges, presidente em exercício de funções da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, considera que, mesmo com assimetrias, a última fase do desconfinamento deverá prosseguir à mesma velocidade em todo o país, dada a mobilidade da população por todo o território. Para o médico, o maior atraso na vacinação no Algarve pode ter várias explicações, como maior flutuação da população, ou mesma uma sobreavaliação – a task-force usa estimativas da população e não dados dos Censos. Gustavo Tato Borges defende que as diferenças na vacinação devem levar a medidas locais que incentivem à vacinação e sensibilização das comunidades com menor cobertura vacinal para o maior risco de transmissão da doença, sublinhando que não havendo certezas de que 85% da população vacinada garanta imunidade de grupo, há a expectativa de que aumente a proteção coletiva.

Já sobre o momento para prosseguir para a última etapa de desconfinamento, Gustavo Tato Borges defende que “cientificamente o mais indicado seria esperar 14 dias após a imunização para assegurar maior eficácia das vacinas”, o que implicaria que as restrições só fossem aliviadas duas semanas após o país alcançar a meta dos 85% de vacinação. “Seria o mais indicado mas tenho dúvidas de que o Governo o faça, dado que quando foi atingida a meta dos 70% da população também não esperou os 14 dias”, diz. Se a regra, que tem sido usada por exemplo na atribuição de certificados de vacinação fosse seguida, a última fase do desconfinamento, em que está previsto o fim de limites à lotação na maioria dos estabelecimentos e reabertura de discotecas, poderia só arrancar na segunda metade de outubro.

O Governo deverá apresentar o plano ao país esta quinta-feira após o Conselho de Ministros e ainda esta semana, sabe o i, está prevista uma reunião da DGS para fechar revisões na norma de testagem e isolamento de contactos para a nova etapa, estando em cima da mesa o alívio dos períodos de isolamento para pessoas vacinadas. Portugal continua, em ex aequo com Malta, com a maior cobertura de vacinação a nível mundial, com 83% da população vacinada. Seguem-se os Emirados Árabes Unidos (82%). Na Europa, o segundo país com maior cobertura vacinal é Espanha, com 80% da população com a primeira dose e 76% com a segunda. No extremo oposto, continua a haver 59 países com menos de 10% da população com a vacinação completa.