Evergrande. Gigante em queda acalma receios dos mercados

O conglomerado chinês garantiu que vai pagar parte das suas dívidas. Pequim entrou em jogo para injetar milhares de milhões de euros nos mercados financeiros. 

A Evergrande, um gigante do imobiliário chinês cujos problemas financeiros se temia poderem dar origem a uma nova crise à escala global, tranquilizou um pouco os seus credores, assegurando que conseguiria pagar os juros de alguns dos seus empréstimos obrigacionistas esta quinta-feira, num valor equivalente a cerca de 30 milhões de euros. Já o resto do que tem de pagar nesse dia, o equivalente a mais de 70 milhões de euros em juros, continua rodeado de incerteza. Ainda assim, a noção de que a Evergrande não está completamente falida – falamos de um dos conglomerados mais endividados do planeta, que deve mais de 250 mil milhões de euros a centenas de credores domésticos e internacionais – foi um alívio para os mercados.

“Ainda estamos a tentar compreender o que este pagamento significa para os outros empréstimos obrigacionistas, mas imagino que eles queiram estabilizar o mercado e fazer outros pagamentos, dado o escrutínio elevado”, explicou uma fonte próxima do processo, à Reuters. 

Contudo, um alívio ainda maior talvez tenha sido a notícia que Pequim entrou em campo, tendo seu banco central injetado o equivalente a cerca de 16 mil milhões de euros nos mercados financeiros, para resolver problemas de liquidez face às quebras dos últimos dias. 

A questão é que boa parte das expectativas está num resgate do Estado chinês para resolver os problemas da Evergrande. Ainda que Pequim não se mostre nada satisfeito com o arriscado endividamento do conglomerado, “pelo menos eles irão engendrar algum tipo de reestruturação para que isto da saga da Evergrande se pareça mais com uma queda suave”, disse Tommy Wu, investigador da Oxford Economics, à CNN.

O problema é que este gigante da construção, que estendeu os seus tentáculos à venda por retalho, está ligado a boa parte da economia chinesa, daí que se temesse uma queda que pudesse afetar o resto do mundo. “Tem havido bastantes receios sobre a possibilidade de contágio”, escreveram analistas da Bespoke, citados pela Reuters.

O receio era de um credit crunch, ou seja, quando empresas passam a ter dificuldade em pedir dinheiro emprestado a juros acessíveis, impedindo-as de investir e crescer, num ciclo vicioso. “Mas até agora essa preocupação não se está a manifestar nas partes do mercado de crédito que têm servido de sinal de alerta para credit crunches mais amplos no passado”, continuavam os analistas.