Três homens na corrida a grão-mestre

O Nascer do SOL confrontou os três candidatos à sucessão de Fernando Lima com um conjunto de perguntas sobre a maçonaria e um pessoal. Só Carlos Vasconcelos respondeu. Fernando Cabecinha e Luís Parreirão receberam as perguntas mas invocaram ‘regras internas’ para justificarem que não respondem.

No próximo dia 30 de Outubro a obediência maçónica mais antiga e com mais membros em Portugal – o Grande Oriente Lusitano (GOL) – vai a eleições. De saída está Fernando Lima, que, estando há dez anos seguidos em funções, tornou-se o grão-mestre com mais tempo no poder desde o 25 de Abril.

Ao GOL apresentam-se três candidatos confirmados: Carlos Vasconcelos, Fernando Cabecinha e Luís Parreirão.  O primeiro aceitou ser entrevistado pelo Nascer do SOL, já o segundo e terceiro – após terem acesso ao questionário – rejeitaram. O lote de seis perguntas foi transversal aos três candidatos, sendo que se acrescentou uma ou duas perguntas específicas para cada um. 

A Cabecinha, além das seis perguntas-padrão, perguntámos se sentia que o facto de estar a avançar contra o número dois de Fernando Lima podia ser entendido como um traição ao último. Já a Parreirão, além das seis perguntas-padrão, questionámos (1) se iria manter a sua relação profissional com a Mota Engil não obstante a subida a grão-mestre poder aumentar a sua influência no grupo e (2) se o facto de ter estado, por dois longos momentos, sem atividade no GOL não poderia ser entendido como tendo pouca consistência nas suas convicções.

Fernando Cabecinha rejeitou o convite alegando haver uma «regra no GOL» que apenas permite o «Grão-Mestre falar para comunicação social». Já Luís Parreirão justificou a sua ausência ao questionário devido ao facto de «nem todos os candidatos responderem», juntando-se a Cabecinha e acrescentando que a Maçonaria «tem um conjunto de regras que não quer infringir», ainda por cima «antes do período eleitoral». Assinale-se que Luís Parreirão assumiu à Sábado, em fevereiro,  que poderia protagonizar uma candidatura a grão-mestre e, em abril, assinou um artigo no Observador como «candidato a gr-ao-mestre do Grande Oriente Lusitano e ex-secretário de Estado da Administração Interna e das Obras Públicas» e volta a assinar na mesma qualidade um novo artigo no mesmo site em agosto.

Luís Parreirão, antigo secretário de Estado de António Guterres, jurista e gestor, tem como mandatário Fernando Marques da Costa, antigo conselheiro de Jorge Sampaio e, tendo sido iniciado no GOLainda na clandestinidade (antes do 25 de Abril) um dos mais antigos maçons vivos. Sendo eleito, será a primeira vez que Parreirão terá qualquer cargo dentro do GOL. Rejeitando as hierarquias de «número dois ou três», terá como grãos-mestres adjuntos Américo Figueiredo, Médico e Professor Universitário em Coimbra, e António Graça, advogado no Porto.

Fernando Cabecinha é antigo membro do Conselho da Ordem (uma espécie de governo de cada masa maçónica) e antigo presidente da Dieta (uma espécie de parlamento maçónico) e tem como mandatário o antigo bastonário dos Médicos Germano de Sousa. Terá como número dois João Aurélio Marcos e como número três Carlos Nunes.

Carlos Vasconcelos é o atual grão-mestre adjunto do GOL. Como mandatário da candidatura terá Rui Pereira –  um influente maçom, antigo ministro de José Sócrates e atual comentador da CMTV. Já como seu número dois terá António Ventura – atual número três no GOL e historiador; e, por fim, a número três terá Natal Marques, presidente da EMEL. Carlos Vasconcelos também já foi presidente da Dieta e do Tribunal maçónico.