Chega ao fim a missão de Gouveia e Melo

Gouveia e Melo termina hoje as funções como coordenador da task-force de vacinação da covid-19. Última reunião com o primeiro-ministro será esta manhã. Militares mantêm equipa de transição para a Saúde.

por Felícia Cabrita e Marta F. Reis

Quase oito meses depois de ter assumido a liderança da campanha de vacinação contra a covid-19, chega hoje ao fim a missão de Henrique Gouveia e Melo à frente da task-force de vacinação. Está marcada para esta terça-feira de manhã, pelas 9 horas, uma última reunião pública de apresentação de resultados liderada por Gouveia e Melo, reunião que terá a presença do primeiro-ministro e da ministra da Saúde e que será o último ato oficial do vice-almirane como coordenador da task-force. Uma reunião em que deverá ser anunciado que Portugal chegou à meta de vacinar 85% da população, o grande objetivo traçado por Gouveia e Melo nos últimos meses e que Portugal é o primeiro país do mundo a alcançar.

Ao que o i apurou, daqui para a frente os militares continuam a assegurar um processo de transição da coordenação da logística e distribuição de vacinas para o Ministério da Saúde, na articulação com a vacinação da gripe – que este ano deverá desenrolar-se em paralelo em centros de saúde, farmácias e em alguns centros de vacinação que permanecerão abertos – e, ao mesmo tempo, do eventual reforço com a terceira dose da covid-19. Aqui, continua em aberto se será dada já e a quem, idosos e doentes mais vulneráveis ou mais generalizada, conforme o que vier a ser decidido pela comissão técnica de vacinação.

Como o Nascer do SOL noticiou, a DGS está a aguardar o parecer da Agência Europeia do Medicamento sobre o pedido de licenciamento por parte da Pfizer de uma terceira dose, recusado para toda a população pelo regulador norte-americano há duas semanas. A decisão da EMA é esperada no início de outubro, avançou nos últimos dias fonte próxima do processo à agência Reuters. Nos EUA, o parecer dos peritos foi no sentido de ser dada uma dose de reforço a maiores de 65 anos, pessoas em maior risco de doença grave e profissionais expostos com maior regularidade ao vírus.

Gouveia e Melo, que ainda recentemente, numa entrevista à Associated Press, confessou que substituir Francisco Ramos, o primeiro coordenador da task-force de vacinação, foi “intimidante”, já tinha anunciado nos últimos dias que fora criado um núcleo de transição para internalizar o trabalho da task-force no Ministério da Saúde, passando a vacinação a ser “uma operação corrente e não uma operação extraordinária” como foi até agora. “O fundamental é deixar escola. Ajudar o Ministério da Saúde a crescer na sua organização interna para que consiga depois lidar com isto. Nenhum Ministério da Saúde do mundo estava preparado para vacinar a população toda. Agora já estão preparados”, disse Gouveia e Melo numa grande entrevista ao Nascer do SOL em junho, em que já questionado sobre o cenário de reforço de vacinação, brincou que de “reforço em reforço” teria emprego para 100 anos.

Segundo fontes militares, o vice-almirante regressará, depois de umas curtas férias, ao seu lugar de adjunto para o planeamento e coordenação do Estado Maior Geral das Forças Armadas (EMGFA), funções que manteve em acumulação com a task-force, ficando a equipa de transição da vacinação a ser liderada por Penha Gonçalves.

Com 60 anos, Gouveia e Melo deverá passar à reserva em novembro de 2022. No fim de semana, Paulo Portas, no seu espaço de comentário na TVI, disse que não estranharia se Gouveia e Melo viesse a ser Chefe de Estado Maior da Armada. O mandato do almirante António Mendes Calado, atual CEMA, foi prorrogado em março por proposta do Governo, não sendo conhecida proposta de substituição por parte do Governo. O i tentou obter esclarecimento junto do gabinete do primeiro-ministro se Gouveia e Melo será proposto pelo Governo para estas funções, não tendo obtido resposta.