Ex-funcionária de campo de concentração nazi foge e falta ao julgamento

O caso marca um dos últimos julgamentos nazis de sempre, em grande parte porque poucos réus ainda estão vivos.

Irmgard Furchner, antiga secretária no campo de concentração nazi de Stutthof, deveria ser julgada esta quinta-feira na Alemanha por envolvimento em onze mil homicídios, mas não apareceu. Resultado: a juíza Dominik Gross considerou-a uma fugitiva e emitiu um mandado de captura.

A mulher de 96 anos, que estava a viver num lar de idosos, “apanhou um táxi”, de acordo com Frederike Milhoffer, o porta-voz do tribunal. Pensa-se que terá ido apanhar um comboio numa estação perto de Hamburgo. “Demonstra um incrível desprezo pelo Estado de direito e pelos sobreviventes", disse o Comité Internacional de Auschwitz.

Furchner trabalhou como dactilógrafa no escritório do comandante do campo de concentração de Stutthof, Paul-Werner Hoppe, situado na cidade polaca de Gdansk – na altura ocupada pela Alemanha. Saberia também informações importantes do que se passava no campo de concentração e em 1954 revelou que o seu comandante partilhava mensagens consigo, mas nada sabia sobre os assassinatos em Stutthof, alegou sempre.

Cerca de 100 mil pessoas foram detidas e estima-se que 65 mil tenham morrido. O campo de concentração continha as tradicionais câmaras de gás e muitos prisioneiros foram mortos com injeções letais e a abatidos a tiro.

O caso marca um dos últimos julgamentos nazis de sempre, em grande parte porque poucos réus ainda estão vivos. O julgamento está a decorrer num tribunal juvenil, uma vez que a arguida era menor na altura.