Montenegro diz que Rio não está em condições de ser “alternativa sólida” ao PS mas afasta candidatura à liderança do PSD

“Alto lá PSD, não é tempo de embandeirar em arco, não é tempo de estar embriagado nos resultados eleitorais [autárquicos] a pensar que o trabalho está feito. Não está”, ex-candidato à liderança do PSD.

O social-democrata Luís Montenegro afastou uma nova candidatura à liderança do PSD, mas defendeu que Rui Rio só se deveria recandidatar se sentir que pode vencer as legislativas, e recusou "embandeirar em arco" as autárquicas.

"Não tenciono protagonizar nenhuma candidatura por várias razões. As principais são que eu tinha um projeto de afirmação política do PSD a quatro anos, quando me apresentei a votos há dois anos, e creio que não tendo acontecido nessa altura, não é que não pudesse acontecer agora outra vez, mas envolvi-me em projetos de natureza profissional, pessoal, familiar que não queria deixar a meio nesta altura", afirmou em entrevista à TSF e Jornal de Notícias.

Montenegro garantiu que não tem nada “combinado com ninguém" sobre estas eleições internas do PSD, mas disse considerar "relativamente natural que haja pelo menos duas candidaturas".

"Não é obrigatório que seja assim, o dr. Rui Rio não está obrigado a candidatar-se. Ele candidatar-se-á se sentir que terá ainda espaço de recuperação eleitoral para poder vencer as eleições legislativas. Só isso é que justifica a sua recandidatura", sublinhou, admitindo que possa aparecer “pelo menos mais uma ou até mais alternativas ao atual presidente".

Para o ex-candidato à liderança dos sociais-democratas é importante refletir sobre as autárquicas e não empolar a situação.

"Alto lá PSD, não é tempo de embandeirar em arco, não é tempo de estar embriagado nos resultados eleitorais [autárquicos] a pensar que o trabalho está feito. Não está", frisou Montenegro.

"O dr. Rui Rio fez um bom trabalho no que toca às eleições autárquicas. Ponto. Está o dr. Rui Rio hoje em condições de poder dizer que é uma alternativa sólida, consistente para ganhar as eleições ao PS? Não. Se pode vir estar? Depende dele", acrescentou.

Montenegro defendeu mesmo que "há mais pessoas capazes de poder apresentar projetos que façam mobilizar o PSD para esse combate" e que estas devem aparecer.

"Não me venham dizer que é irrealizável o objetivo de ter uma maioria. Agora eu também não sou maluco e tenho que gerir aquilo que são as probabilidades. O grau de probabilidade hoje de o PSD ter uma maioria absoluta é baixo, com certeza. Nós sabemos disso", disse.

Para Montenegro, "o que é preciso é que todos à direita do PS ganhem mais deputados". E acrescentou: "Eu sou daqueles que deseja profundamente que o CDS se possa reabilitar nos próximos anos. Quanto mais forte está o CDS, mais forte está o PSD. Quanto mais forte está o PSD, mais forte está o CDS",

Em relação a Marcelo Rebelo de Sousa, Montenegro defendeu que "o PSD não pode nunca estar à espera do Presidente da República para crescer eleitoralmente, para vencer eleições e para afirmar a sua alternativa".