Empresas: Pedidos de ajuda para reduzir custos disparam

Prejudicadas com a crise gerada pela pandemia, as empresas pedem agora ajuda para que possam continuar com a sua atividade.

A pandemia veio afetar muitas empresas e, para algumas, os apoios do Governo não foram suficientes. A paragem forçada da atividade foi quase fatal para muitas e, com isso, a tão indesejada crise chegou. Sem querer baixar os braços, muitos foram os empresários que tiveram de repensar as suas estratégias e estruturas de custos e a procura por consultoria em redução de custos duplicou desde o último ano.

Os dados são confirmados ao Nascer do SOL por João Costa, Country Manager da Expense Reduction Analysts (ERA). «Em 2021 registámos um crescimento na procura pelos nossos serviços de mais de 50% face ao ano de 2020. No início de setembro deste ano já tínhamos projetos em mais de 40 novas empresas, somando-se às que já tinham programas a decorrer».

Os números mostram claramente a vontade das empresas em mudar o seu rumo afetado pela crise pandémica. «A pandemia forçou a paragem da atividade, muitas empresas portuguesas viram-se a braços com uma crise sem precedentes e começaram a repensar as suas estratégias e as suas estruturas de custos. O que prevemos é que no futuro ainda mais empresas compreendam a importância da agilidade como fator crucial para fazer face a crises inesperadas», acrescenta o responsável.

A verdade é que as mudanças decorrentes da pandemia mudaram a forma de pensar de muitas das empresas portuguesas que passaram a valorizar outras coisas. João Costa explica que «com a pandemia as empresas perceberam que a liquidez é fundamental para aumentar a sua agilidade e para superar crises», acrescentando que «as principais preocupações das empresas quando procuram reduzir custos se prendem com os mitos que existem à volta desta temática. É preciso desmistificar este processo».

Mas que mito será este? «É preciso passar a mensagem que reduzir custos não significa fazer o mesmo com menos serviço ou com menos recursos. Aliás, olhar para toda a estrutura de custos e analisá-la é o que, perante uma crise, permite manter os postos de trabalho e a sustentabilidade da empresa», referindo ainda que, a isso, é preciso juntar também o facto de «acreditar que reduzir custos vai ter um impacto negativo na moral da empresa ou que é preciso alocar muito tempo a pensar em alternativas».

Questionado se o crescimento da procura destes serviços por parte das empresas portuguesas é apenas consequência da pandemia, João Costa afirma que «em parte sim». E explica porquê: «A crise pandémica apanhou todas as empresas de surpresa e obrigou-as a repensar as suas estratégias. Além disso, com os crescentes aumentos de custos nas embalagens, nos transportes e, agora, na energia, as empresas precisam de encontrar soluções que lhes permitam manter o equilíbrio».

Ainda assim, o especialista considera que o facto de as empresas terem sido expostas a esta crise e à necessidade de revisitarem as suas estratégias de custos «pode ter sido fundamental para perceberem que precisam de ajuda».

 

Setores e regiões que mais pedem ajuda

De todos os setores que têm pedido ajuda para a redução de custos, o destaque vai para o da indústria que é responsável por 40% dos clientes da ERA. Mais não é o único. Segue-se o retalho, que é responsável por mais de um quarto do total (22%), seguindo-se o setor dos serviços (16%), da logística (7%) e da saúde (4%).

Por regiões, é o Norte que está no topo da lista. A justificação é simples: «O Norte, conhecido por ser um dos polos industriais do país, é a região que mais se destaca, representando, atualmente, mais de metade da procura», justifica João Costa.

Em segundo lugar, a região de Lisboa, é responsável por cerca de um terço da procura pelos serviços.

João Costa não tem dúvidas que este tipo de ajuda pode ser a solução para muitas empresas. E porquê? Porque «no dia-a-dia muitas empresas não têm tempo, nem recursos para alavancar as mudanças de que precisam».  A ajuda externa é então necessária até porque traz consigo também a experiência, «fatores decisivos para o sucesso dos programas de redução de custos».

No entanto, o responsável explica que esta ajuda para as empresas é necessária não apenas no início, como ao longo de todo o processo, que dura vários anos. «É preciso garantir que as soluções são implementadas e é neste sentido que o acompanhamento é decisivo». E acrescenta: «Para além disso, sabemos que cash is king, por isso, a liquidez que as empresas conseguem ao reduzir custos permite-lhes serem mais ágeis e estarem mais preparadas para imprevistos, como aconteceu com a crise covid-19».