Polícia acusada de ocultar vídeos em que Gabby Petito admitiu ter sido agredida por Brian Laundrie

Ao longo da filmagem, os agentes podem ser ouvidos a debater a forma como podem permitir que o par seguisse o seu caminho – afirmando, inclusivamente, “que as vítimas de violência doméstica acabam por ser assassinadas” -, apesar das alegações de que havia sinais claros de que Petito poderia estar em perigo e a ser maltratada pelo noivo.

Os polícias que se cruzaram com Gabby Petito e Brian Laundrie, enquanto estes faziam a sua viagem de caravana pelos EUA, foram acusados de encobrir as filmagens – pode aceder às mesmas aqui – das bodycams em que era possível ver a jovem de 22 anos a soluçar e a revelar os seus ferimentos após uma discussão com o noivo.

Um e-mail que agora veio a público sugeriu que o departamento de polícia de Moab – no Utah – estava a ocultar imagens contundentes, captadas semanas antes de Petito ser encontrada morta, já que o departamento de polícia foi atacado por não fazer mais para proteger a rapariga natural de Nova Iorque. No passado dia 16 de setembro, a filmagem da bodycam do agente Daniel Robbins foi divulgada, sendo que mostra o momento em que Petito e Laundrie foram parados por ele e pelos colegas depois de algumas testemunhas terem relatado que o casal estava a discutir na rua. Outras imagens da bodycam de outro polícia, Eric Pratt, não foram veiculadas até duas semanas depois das anteriormente mencionadas, tendo em conta que a KUTV (estação de Salt Lake City) relata e mostra detalhes de como os polícias lidaram com o incidente antes de decidir não acusar os jovens.

A filmagem, que os agentes não deram a conhecer apesar dos pedidos dos media, revela que a rapariga tinha ferimentos no pescoço e no rosto e, posteriormente, demonstrou a sua ansiedade aguda por estar separada do noivo durante uma noite. Ao longo da filmagem, os agentes podem ser ouvidos a debater a forma como podem permitir que o par seguisse o seu caminho – afirmando, inclusivamente, "que as vítimas de violência doméstica acabam por ser assassinadas" -, apesar das alegações de que havia sinais claros de que Petito poderia estar em perigo e a ser maltratada pelo noivo. Por outro lado, dois polícias foram também foram vistos a rir e brincar com Brian Laundrie antes de lhe dizerem "Sentimo-nos mal por ti", ainda que a YouTuber soluçasse no banco de trás de um carro da força de segurança.

Happy Morgan, advogado que trabalhou como procurador de Grand County (Colorado) por oito anos, criticou a forma como o departamento de polícia lidou com o caso num e-mail em que escreveu: "Quanto mais cedo tornarem claro aquilo que estava a acontecer e foi filmado pela bodycam de Pratt no caso Petito/Laundrie, a 12 de agosto, melhor". "Se negaram o acesso a estas imagens, têm de as divulgar e desculparem-se", disse. "Tornou-se óbvio para mim, ao assistir aos noticiários, que há informações que foram ocultadas para que não chegassem aos media", revelou depois. À sua vez, o chefe da polícia de Moab, Braydon Palmer, alegou que muitas solicitações dos órgãos de informação foram enviadas, causando o "atraso" da resposta às mesmas, mas admitiu que o "processo deveria ter ocorrido mais rapidamente".

Petito foi vista viva pela última vez no estado norte-americano do Wyoming, por volta do dia 27 de agosto, em Jackson Hole. Laundrie voltou para casa, na Flórida, sozinho, no dia 1 de setembro, sem alertar a polícia ou a família da companheira de que ela estava desaparecida. Os restos mortais da mesma viriam a ser encontrados no dia 19 de setembro.