PRR = €4,33 per capita x 365

O primeiro-ministro, atual representante máximo do Clã Sócrates, no seu habitual estilo de contador de histórias, tem vindo a afirmar nas últimas semanas, várias vezes ao dia, que o PRR é a quimera que irá resolver os problemas da economia portuguesa. 

Por Eduardo Baptista Correia

CEO do Taguspark e Professor de Gestão – ISCTE

Gosto da frieza e rigor matemático. Permite ver a realidade sem filtros, ilusões ou «Eu acho que». Permite que a ciência, a tecnologia, a indústria, a arte e a poesia funcionem.

Contudo e por outro lado, ao longo da história, a falta de informação e a ausência de dados comparativos tem permitido aos contadores de histórias criar ilusões quanto às dimensões das diferentes realidades em análise. Os grandes números são aos olhos do cidadão comum, regra geral, pouco percetíveis. Quando essa dimensão é amplificada por discursos aceites pela comunidade, cria-se uma certeza coletiva quanto à extraordinária grandeza da realidade em causa. É exatamente o que se passa com a dimensão do PRR. 

O primeiro-ministro, atual representante máximo do Clã Sócrates, no seu habitual estilo de contador de histórias, tem vindo a afirmar nas últimas semanas, várias vezes ao dia, que o PRR é a quimera que irá resolver os problemas da economia portuguesa. Uma oportunidade única que este Brilhante Governo socialista, com a sua híper influência internacional, resultante do conjunto de Brilhantes ministros e secretários de estado conseguiu para Portugal. Uma heroica proeza apenas comparável à época dos antepassados navegadores!

Um dos mais brilhantes membros do Governo, o secretário de Estado da Internacionalização, Eurico Brilhante Dias, veio até afirmar que o país «Ganhou com a pandemia». Estava a referir-se à brutalidade de fundos que segundo este magnífico e competente Governo irá invadir Portugal. Nem sabem o que fazer com tanto. Brilhante!

A forma como o PRR tem sido transmitido aos portugueses não passa de um grande embuste. Ontem recebi por WhatsApp a seguinte piada: «O português é mesmo esquisito. O Costa a prometer milhões e milhões e depois decidem ficar com Moedas.» Respondi da seguinte forma: «Mas é disso mesmo que se trata. Se dividirmos a ‘bazuca’ por cada português em parte igual e distribuirmos o dinheiro durante um ano, todos os dias, dá umas moedas. Não dá sequer para dar uma nota, é menos que € 5,00, são € 4,33. Está certo, os portugueses foram sensatos em eleger Carlos Moedas».

A especialidade ‘Inventar para Enganar’ está bem vincada neste grupo de governantes impreparados, incapazes de pensar o país e deslumbrados com o poder. Um aborrecimento e um perigo para as perspetivas de desenvolvimento sustentável e criação de riqueza para os portugueses.

A verdade é que a ‘bazuca’, cujos montantes estão ainda longe de estar desbloqueados e cuja entrega pode ainda ser condicionada pela tecnocracia de Bruxelas, pouco mais significa que um pequeno almoço diário para cada português durante um ano. Brilhante!

Esta breve análise deixa a nu, de forma matematicamente fria, a capacidade que este Governo, em particular o seu primeiro-ministro, o membro mais sénior do clã Sócrates tem de iludir e enganar os portugueses.

Ao Governo falta competência e crença nas capacidades, arrojo, e sonho que os portugueses carregam em si. Andamos temporariamente adormecidos com os €€4,33 diários, durante um ano, a cada português, que é efetivamente o que a chamada ‘bazuca’ representa. Podíamos estar noutro patamar. Com muito mais interesse, com maior orgulho próprio, com orgulho na economia e no arrojo português. 

Como pode um Governo que trabalha mal, pedir mais aos portugueses? Não pode!