Ramalho Eanes defende que “quando se é obrigado” a exonerar chefe de Estado-Maior devem ser apontadas “razões”

Antigo chefe de Estado considera que razões devem ser apontadas para que “dignidade” do CEMA seja salvaguardada.

Ramalho Eanes comentou, esta quinta-feira, a polémica em torno da intenção do Governo de de propor a exoneração do Chefe do Estado-Maior da Armada (CEMA). Para o ex-Presidente da República “quando se é obrigado” a exonerar um chefe militar devem ser “apontadas as razões”.

“Não se despede um chefe de Estado-Maior e, quando se é obrigado a exonerá-lo, apontam-se razões que levam a isso para que a imagem dele, a dignidade dele, fiquem devidamente salvaguardadas”, considerou Eanes, em declarações aos jornalistas à margem da sessão de homenagem ao general Loureiro dos Santos, que decorreu esta quinta-feira, em Lisboa.

O antigo chefe de Estado mostrou-se ainda de acordo com o que já foi dito por Marcelo Rebelo de Sousa sobre o assunto.

Questionado sobre se o Governo se precipitou, Ramalhos Eanes preferiu não “tecer comentários”.

Recorde-se que na semana passada fontes ligadas à Defesa Nacional avançaram à agência Lusa que o ministro, João Gomes Cravinho, iria propor ao Presidente da República a exoneração do CEMA, o almirante Mendes Calado, que ocupa o cargo desde 2018 e cujo mandato foi prorrogado em março último. A agência noticiosa avançou ainda que o vice-almirante Gouveia e Melo iria ser o seu substituto.

Contudo, um dia depois, Marcelo Rebelo de Sousa veio esclarecer que tudo se tratou de um “erro de perceção” e afastou a saída do atual CEMA. Já depois da declaração pública, Marcelo recebeu em Belém o primeiro-ministro, bem como o ministro da Defesa. No final do encontro, uma nota no site oficial da Presidência da República informava que se encontravam esclarecidos “os equívocos suscitados a propósito da chefia do Estado-Maior da Armada”.

Já esta semana, em entrevista à TVI, o chefe de Estado esclareceu que o almirante Mendes Calado nunca foi demitido e lembrou que “a palavra final é do Presidente da República”: “É o Presidente da República que exonera”. Além disso, Marcelo afirmou que só não desmentiu as notícias na noite em que saíram porque “não quis dramatizar”.

Ontem, o Parlamento aprovou a audição urgente de João Gomes Cravinho sobre o tema.