Morreu Eddie Jaku, o sobrevivente do Holocausto com 101 anos

Autor do livro de memórias “O Homem Mais Feliz do Mundo” sobreviveu à “Noite de Cristais”, aos campos de Buchenwald e Auschwitz, foi poupado por Josef Mengele e resistiu à “Marcha da Morte” antes de migrar para Sydney.

O sobrevivente do Holocausto Eddie Jaku, que no ano passado publicou o seu livro de memórias “O Homem Mais Feliz do Mundo”, morreu na terça-feira, 12 de outubro, em Sydney, aos 101 anos. O judeu alemão radicado na Austrália sobreviveu à aterrorizante "Noite de Cristais" de 1938, ao encarceramento nos campos de concentração de Buchenwald e Auschwitz, foi poupado pelo apelidado "Anjo da Morte" Josef Mengele e resistiu à "Marcha da Morte" no inverno de 1945.

O comunicado da sua morte foi emitido pelo diretor-executivo do Conselho Judaico do estado de Nova Gales do Sul, Darren Bark: "Eddie Jaku foi um farol de luz e esperança não apenas para a nossa comunidade, mas para o mundo. Ele sempre será lembrado pela alegria que o seguiu e pela sua resistência constante diante das adversidades”.

O primeiro-ministro australiano Scott Morrison também prestou homenagens e enalteceu a decisão de Jaku de "tornar a sua vida um testemunho de como a esperança e o amor podem triunfar sobre o desespero e o ódio". "Ele fará muita falta, especialmente na nossa comunidade judaica. Foi uma inspiração e uma alegria", acrescentou. 

O tesoureiro e líder do partido liberal australiano, Josh Frydenberg, cuja mãe judia-húngara também sobreviveu ao Holocausto e chegou à Austrália em 1950 como uma criança apátrida, afirmou, por sua vez, que "a Austrália perdeu um gigante": "Ele dedicou a sua vida a educar os outros sobre os perigos da intolerância e a importância da esperança", ressaltou Frydenberg. "Marcado pelo passado, apenas olhou para frente. Que a sua história seja contada às gerações futuras", rematou.

Na sua biografia, que foi lançada poucos meses depois de este ter completado 100 anos, Jaku conta a sua trajetória e os obstáculos que teve que encarar na vida. "Vivi por um século e sei o que é encarar o mal de frente. Vi o pior da humanidade, os horrores dos campos de extermínio, os esforços nazis para exterminar a minha vida e as vidas de todo o meu povo. Mas agora considero-me o homem mais feliz da Terra", afirmou.

Jaku nasceu Abraham Jakubowiez em abril de 1920 na cidade alemã de Leipzig. Os seus pais e muitos outros familiares  não sobreviveram à Segunda Guerra Mundial.