Rodrigues dos Santos ‘imita’ adiamento proposto por Rio

Depois de ter ‘apressado’ a marcação do congresso eletivo, o líder centrista veio admitir agora o seu adiamento. 

Apenas uma semana passou desde a contestada marcação do Congresso do CDS e um novo facto político apareceu para baralhar as contas: o eventual chumbo do Orçamento de Estado. Confirmando-se este cenário – com uma crise política que levaria a eleições antecipadas –, Rodrigues dos Santos admitiu convocar um Conselho Nacional para, a la Rio, adiar a data do Congresso. Isto, «na medida em que o calendário político do país se poderá alterar e o partido terá de se saber preparar para as legislativas em vez andar em lutas internas», como explicou ao Nascer do SOL. Mas recorde-se: é um cenário hipotético – e Rodrigues dos Santos não lhe é especialmente crente. «É uma teatralização da esquerda – mais uma – que provavelmente terá o mesmo desfecho dos outros orçamentos». E se, há cerca de uma semana, em reunião da direção, Rodrigues dos Santos afirmava que o país «acabara» e que agora era «tempo de ganhar o congresso», parece que, agora, face a este hipotético cenário político, Rodrigues dos Santos quer voltar a apontar a bússola ao país: «O país acima do partido».

Quem não gostou destas ‘trocas e baldrocas’ foi Nuno Melo, que, na sequência de anúncio da possibilidade de adiamento do Congresso, acusou Rodrigues dos Santos de «falta de maturidade democrática»: «A falta de maturidade democrática não durou nem sequer uma semana e prejudica gravemente a imagem da Instituição que é o CDS». Acusando o presidente do CDS de «mimetizar a estratégia e as declarações do PSD e do seu presidente», o eurodeputado frisa, agora, que Rodrigues dos Santos propõe este novo adiamento por perceber que a candidatura da oposição «soma apoios todos os dias de Norte a Sul, nos Açores e na Madeira».

Ademais, no mesmo texto, Melo esclarece ainda que o eventual chumbo do Orçamento de Estado não passa de uma estratégia de António Costa para poder «ir a votos com o CDS como está agora», ou seja, «o mais fraco possível e sem uma liderança credível e mobilizadora». 

Por fim, deixa uma ameaça política: «Caso o actual líder do CDS pretenda suspender a realização de um Congresso livre que verdadeiramente teme, pensando apenas no poder próprio que quer salvaguardar com base em pretextos, não teremos outra alternativa que não seja recorrer a todos os militantes, mobilizando todos os apoios que temos recebido, no sentido das alternativas democráticas que os estatutos nos confiram».

Recorde-se que o Conselho Nacional do CDS marcou o seu Congresso para fim de novembro.