A democracia elitista

Por Aristóteles Drummond Apesar da pandemia e da crise social, que é mundial, fenómeno curioso é que a agenda dos países tem sido mais inútil, elitista, do que objetiva na busca de uma retomada global do crescimento, com mais e melhores empregos, saúde e formação de mão de obra qualificada. Muitos países não podem crescer, pois,…

Por Aristóteles Drummond

Apesar da pandemia e da crise social, que é mundial, fenómeno curioso é que a agenda dos países tem sido mais inútil, elitista, do que objetiva na busca de uma retomada global do crescimento, com mais e melhores empregos, saúde e formação de mão de obra qualificada. Muitos países não podem crescer, pois, além da ausência de capital, falta gente preparada para o uso das modernas tecnologias do mundo digital. Mas os governos e políticos pensam em criar mais empregos públicos, mais impostos e distribuir o dinheiro de quem trabalha e produz. Por isso, a Ásia vai se fortalecendo, apesar das dificuldades que a China enfrenta e pode enfrentar mais problemas internos. Nesses países – China, Coreia do Sul, Malásia, Tailândia, Singapura, Hong Kong, Taiwan e Japão –, a democracia é relativa e não oferece muito espaço para proselitismos ideológicos. O pragmatismo está acima das ideologias. E a África está cada vez mais mergulhada na corrupção e na violência. Na América Latina, existe uma base popular ainda refratária, que pode resistir, muitas vezes sem resultado, como no Peru em que a esquerda venceu por 1%, suficiente para desestabilizar o país. 

No caso brasileiro, o Presidente e seu grupo mais próximo, pelo comportamento atípico, empurram setores das classes médias tradicionalmente conservadoras, do mundo mais culto, para um alinhamento com as esquerdas, que, embora minoritárias, têm mais experiência política e audácia para assumir o poder. Na política, faz crescer a disputa pela chamada terceira via, cada vez mais com o perfil do governador do Sul, Eduardo Leite. Ciro Gomes, muito inteligente, já foi candidato três vezes e perdeu; é muito temperamental. O PT só tem o Lula, que pode nem ser candidato e está vulnerável. O governador de São Paulo tem chance zero, pode disputar um terceiro ou quarto lugar na corrida presidencial.

VARIEDADES 

• Lisboa recebe parlamentares brasileiros para o Fórum Jurídico Lisboa, que é um evento que tem o apoio e a presença do ministro Gilmar Mendes, da Suprema Corte. O magistrado é dos mais polémicos e tem sido alvo frequente de manifestações de desagrado por parte de brasileiros nas suas passagens por Lisboa.

• O senador Rodrigo Pacheco, que é o presidente do Senado e candidato a ser a terceira via na eleição do próximo ano, repete a frase que está na cabeça dos formadores de opinião: “a radicalização e o extremismo fazem mal ao Brasil”.

• A demagogia não tem limites. A última criação dos parlamentares no Brasil foi aprovar um projeto que inclui nos programas sociais a distribuição de ‘absorventes para combate à pobreza menstrual’. O Presidente Bolsonaro vetou, mas o veto pode cair.

• Formado o maior partido político do Brasil, fusão do DEM e do PSL, com o nome de União Brasil. Uma aliança de centro-direita que pode crescer.

• A Euler Hermes, conceituada empresa de avaliação de risco de crédito internacional, prevê que o próximo ano será difícil para o empresariado brasileiro. Eleições, inflação, crise política e social.

• Mas a economia rural segue ignorando as crises e a safra de grãos deve bater novo recorde. Previsão de 140 milhões de toneladas de soja, mais de cem milhões de milho. E até o trigo, que pode atender a metade do consumo nacional. Arroz e feijão suficientes para o mercado interno.

• Com um almoço na Associação Comercial do Rio, o prefeito do Rio Eduardo Paes pretende reabrir a cidade no próximo dia 21. A pandemia sob certo controle, mas com centenas de óbitos no país, algumas dezenas no Rio, que ainda precisaria de receber mais vacinas. O problema no país foi a imprevidência no suprimento de vacinas.

• Mercado de materiais de construção permanece aquecido. Nunca se reformou tantos imóveis, além de lançamentos novos no imobiliário em todo o país. E preços subindo acima da inflação. O consumo cresce mais do que a produção.

• O Presidente Bolsonaro que não perde uma chance de ser figurante, foi ao Santuário de Aparecida dia 12. A festa da Padroeira do Brasil reuniu quase 200 mil pessoas. 

Rio de Janeiro, outubro de 2021