CDS: onde vais?

A questão é se o CDS ainda faz sentido, com as forças conservadoras da direita democrática e europeísta concentradas no PSD

O CDS, ao contrário do que é previsível, deverá acabar ainda antes do PCP – apesar de este partido, ideologicamente, já não ter parceiros internacionais, e manter influência em Portugal, nos sindicatos e no Poder Local.

A questão é se o CDS ainda faz sentido, com as forças conservadoras da direita democrática e europeísta concentradas no PSD, e sem os seus fundadores rigorosamente centristas Diogo Freitas do Amaral (um admirador de sempre do francês Giscard d’Estaing) e Adelino Amaro da Costa (o tal que andava sempre com Lech Walesa ao colo, e que muito contribuiu para a fundação da UGT, por convicções próprias e com os donativos que o seu partido recebia da Alemanha).

Faz mesmo sentido perguntarmos se eles, na actual situação, conseguiriam manter o vigor do CDS. Que desde o abandono da liderança por Freitas tem vindo sempre a descer. Com Lucas Pires para pouco mais de 13%. E com Portas para muito menos.

Aliás, parece-me que tem sido à custa das perdas do CDS, que têm crescido os partidos mais conservadores, como o IL e o Chega. Talvez algumas pessoas tenham votado noutros tempos no CDS apenas por não terem outro partido mais à direita para votarem. Talvez, no prisma dos votos, Portas se tenha precipitado a abandonar o antieuropeísmo, para a coligação com Barroso, e assim assegurar uma parte do pote do Poder para o seu partido – que afinal parece ser a sua finalidade essencial.

Agora, é confrangedor ouvir os insultos trocados entre Melo e Rodrigues dos Santos – sobretudo imaginando o papel de qualquer deles, fora o de alargarem uma base do PSD. Melo talvez tenha feito bem em ir ao programa de Ricardo Araújo Pereira. Mas haverá muitos conservadores nos costumes, liberais na política económica e democratas-cristãos na social a votarem no CDS?