Bannon pode ser condenado por não colaborar na investigação à invasão ao Capitólio

Comité que investiga a invasão ao Capitólio recomenda a condenação do ex-assessor de Donald Trump, depois de este se ter recusado a depor.

Steve Bannon, ex-assessor do anterior Presidente dos Estados Unidos, pode ser acusado criminalmente e condenado a um ano de prisão depois de se ter recusado a responder a questões relacionadas com as investigações da invasão ao Capitólio, que ocorreram em janeiro, afirmou o comité encarregue de investigar este ataque que resultou na morte de cinco pessoas.

O comité aprovou por unanimidade entre os seus nove membros (sete democratas e dois republicanos), esta terça-feira, que Bannon fosse alvo de uma acusação e espera que, na quinta-feira, o tribunal aprove uma sanção para a não colaboração do ex-assessor de Donald Trump.

“O Sr. Bannon colaborará com nossa investigação ou enfrentará as consequências”, avisou o democrata Bennie Thompson, líder da investigação. “Não podemos permitir que ninguém interfira no trabalho da comissão especial enquanto trabalhamos para esclarecer os factos. Simplesmente há muito em jogo”, acrescentou.

Esta investigação à invasão ao Capitólio, ocorrida a 6 de janeiro, enquanto o Congresso validava a vitória do democrata Joe Biden nas presidenciais de 3 de novembro, está a ser alvo de críticas por parte de apoiantes de Trump, acusado de incitamento à violência. Mas os membros do comité deixaram claro que não serão tolerados obstáculos ao seu trabalho, afirmou uma fonte do grupo ao Guardian.

O aviso foi feito depois de Bannon, um dos responsáveis pela reformulação da extrema-direita enquanto movimento populista nos Estados Unidos e um dos principais arquitetos da campanha presidencial vitoriosa de Trump em 2016, até ser afastado pelo ex-Presidente, não ter comparecido perante o comité especial da Câmara dos Representantes, argumentando que o grupo não poderia ter acesso a depoimentos e documentos até que seja resolvido o apelo de Trump por “privilégio executivo”, que permite que os presidentes mantenham certas conversas com assessores em segredo

“Acreditamos que Bannon tenha informações relevantes para a nossa investigação e usaremos as ferramentas à nossa disposição para obter essas informações”, esclareceu o líder do comité especial. “Espero que a Câmara adote rapidamente esse encaminhamento ao Departamento de Justiça e que o procurador dos Estados Unidos cumpra o seu dever e processe Bannon por desacato criminal ao Congresso”.

No entanto, este será um processo algo complexo. A recomendação da comissão de inquérito segue agora para o plenário da Câmara dos Representantes, onde deverá ser votada, visando a sua transmissão ao Departamento de Justiça.

Por fim, o procurador-geral, Merrick Garland, decidirá se processa (ou não) Bannon. No caso de o assessor ser considerado culpado, o ex-assessor pode ser condenado até um ano de prisão. O mais provável, porém, é que seja obrigado a pagar uma multa de 100 mil dólares (cerca de 86 mil euros), afirma a AFP.

Além de Bannon, outros antigos conselheiros de Trump, como o antigo chefe de gabinete, Mark Meadown, o subchefe de gabinete, Dan Scavino, um ex-funcionário do departamento de defesa, Kash Patel, encontram-se em risco de acusação criminal.