O Orçamento e o unicórnio

Desenganem-se jovens gananciosos. É mais fácil um camelo passar por um buraco de uma agulha, ou a TAP dar lucro, do que ficarem ricos graças ao vosso trabalho.

Por João Cerqueira

Escritor

Graças aos sucessivos acordos nas leis laborais e nos orçamentos de Estado entre o Governo e os seus parceiros PCP e o BE, Portugal está a agora a aproximar-se de países onde os trabalhadores estão protegidos da exploração capitalista como Cuba e a Venezuela.

No entanto, os do costume dizem que por causa dessa aversão ao mercado e recusa de reformas liberais as empresas definham e escasseiam as oportunidades de trabalho para os jovens  que mais investiram na sua educação. Portugal assim está a formar licenciados e doutorados que emigram para países com economias mais liberais, onde o mérito vale mais do que o cartão do partido, em busca de salários mais elevados e melhores condições de trabalho. E a Alemanha, a Inglaterra e a Irlanda acolhem de braços abertos os nossos jovens altamente qualificados e capazes de se adaptar a qualquer ambiente cultural. Sem terem gasto um cêntimo na sua formação, beneficiam dos melhores profissionais para se tornarem ainda mais ricos.

Portugal investe, eles lucram.

Como era de esperar, os do costume não contam a história toda: quem realmente foge de Portugal são os gananciosos e os materialistas obcecados por dinheiro. Como adiante se verá, esta fuga de supostos cérebros é uma purga social imprescindível.

Otelo, no saudoso PREC, queria acabar com os ricos. Esteve perto de o conseguir graças a nacionalizações, expropriações, mandados de captura e outras formas de terror e extorsão, mas as forças da reacção não o deixaram concluir a obra. Porém, agora, com a união do PS ao PCP e ao BE – onde justamente foram acolhidos alguns camaradas de Otelo das FP-25 – , o projecto de extermínio dos ricos, sem necessidade de os metralhar ou fazer explodir, foi retomado e anda mais rápido do que os comboios da CP. Bom, em abono da verdade não é propriamente de milionários de que se está falar, mas sim daquela classe média ambiciosa – entre a qual estão esses jovens que emigram para os países liberais – que tem a  veleidade de supor que graças às suas habilitações e ao seu trabalho árduo pode carregar no botão do elevador social e ascender ao andar dos ricos.

Desenganem-se jovens gananciosos. É mais fácil um camelo passar por um buraco de uma agulha, ou a TAP dar lucro, do que ficarem ricos graças ao vosso trabalho.

E tudo isto vem a propósito das notícias sobre o nascimento de unicórnios portugueses nos EUA – não as criaturas míticas com um chifre na cabeça, mas sim empresas tecnológicas que, do nada, aproveitando as oportunidades de um mundo globalizado, começaram a valer mais de um bilião de dólares. E parece que já há quatro.

Ora é para evitar que semelhantes aberrações despontem em Portugal que o PS se aliou com as forças democráticas estalinistas e trotskistas.  Os orçamentos, os acordos, as leis, os impostos e as ameaças destinam-se a impedir o nascimento de empresas bem sucedidas que dispensem a dependência do Estado e não paguem a reforma dos seus antigos ministros. E, por isso mesmo, correr com os cérebros alucinados pela avidez do lucro para que longe da pátria criem riqueza, ofereçam empregos, maravilhem o mundo e desonrem Portugal.

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