Subvariante da Delta não tem tendência crescente em Portugal e não há provas de que afete eficácia das vacinas

Investigador do INSA diz que é normal que, devido ao fluxo de pessoas entre o Reino Unido e Portugal, sejam detetados mais casos.

A AY4.2, subvariante da Delta, não apresenta uma tendência crescente em Portugal e não há provas de que afete a eficácia das vacinas contra o novo coronavírus.

"Não existe ainda qualquer evidência científica que sugira que esta sublinhagem da Delta seja mais transmissível ou coloque sequer em perigo a eficácia das vacinas. De facto, nas últimas semanas têm surgido vários exemplos da emergência de novas combinações de mutações, mas que acabam por não ter impacto epidemiológico", disse o investigador do Instituto Nacional de Saúde (INSA) João Paulo Gomes em declarações à agência Lusa.

Sublinhe-se que, de acordo com o relatório do INSA sobre diversidade genética do novo coronavírus, divulgado na terça-feira, há nove casos identificados desta subvariante em Portugal e alguns com ligação ao Reino Unido, onde já tem algum relevo epidemiológico.

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Segundo João Paulo Gomes, é normal que devido ao fluxo de pessoas entre o Reino Unido e Portugal sejam detetados mais casos. Contudo, defende que é “muito cedo” para restrições de viagens ou outras medidas.

“Não podemos falar de uma tendência crescente, mas sim já detetámos casos cá, tal como outros países também já detetaram, vamos estar atentos naturalmente para perceber se por acaso essa sublinhagem aumenta a sua frequência", disse, explicando que a variante Delta “já há cinco, seis meses que domina o mundo inteiro” e que “é a própria Delta que está a evoluir”.

“Estamos a falar da variante Delta que aparece com uma mutação aqui, outra mutação ali, e sempre que essas diferenças sejam significativas, de forma a que o vírus seja diferente o suficiente e tenha algum impacto epidemiológico, elas são então definidas como novas sublinhagens dentro da variante Delta”, indicou o investigador à agência noticiosa, revelado que já foram descritas 30 sublinhagens.

João Paulo Gomes considera que é cedo para saber mais pormenores sobre esta sublinhagem e que se tem de esperar “várias semanas para perceber se o impacto epidemiológico que parece estar a ter no Reino Unido tem reflexos também nos outros países ou não”.

“Acho que por agora podemos estar descontraídos, mas vamos estar naturalmente atentos ao evoluir da situação”, disse, lembrando que já houve outros alertas relativos a outras “pseudovariantes” que acabaram por não se ter relevância.

“Portugal está numa situação muito boa”, disse. “Tendo em conta que temos uma ótima taxa de vacinação e que agora Portugal sugeriu a terceira dose para os grupos mais vulneráveis penso que podemos encarar o inverno, não vou dizer com tranquilidade, mas com algum otimismo porque não há razões para que as coisas corram para o mal”, rematou.