Prémio Gulbenkian para a Humanidade atribuído a Pacto Global dos Autarcas para o Clima e a Energia

Com o prémio de um milhão de euros, o Pacto Global vai financiar projetos em cidades da África Subsariana: em cinco cidades no Senegal, com o fornecimento de água potável, e numa cidade nos Camarões, para encontrar soluções de eficiência energética.

O Prémio Gulbenkian para a Humanidade deste ano vai ser atribuído ao Pacto Global dos Autarcas para o Clima e a Energia – Global Covenant of Mayors for Climate & Energy – a maior aliança global que promove a caminhada climática das cidades para uma economia de baixo carbono.

Com o prémio de um milhão de euros, o Pacto Global vai financiar projetos em cidades da África Subsariana: em cinco cidades no Senegal, com o fornecimento de água potável, e numa cidade nos Camarões, para encontrar soluções de eficiência energética. Os projetos serão realizados com a cooperação do Pacto de Autarcas Regional na África Subsariana, da Cooperação Internacional Alemã e do Banco Europeu de Investimento.

Esta iniciativa está a ser desenvolvida em 10.600 cidades e governos locais de 140 países, incluindo Portugal, e é copresidido por Frans Timmermans, vice-Presidente Executivo da Comissão Europeia para o Pacto Ecológico Europeu, e por Michael Bloomberg, antigo presidente de Câmara de Nova Iorque e enviado especial do Secretário-Geral das Nações Unidas para Ambições e Soluções Climáticas.

Depois de entregar o Prémio Gulbenkian para a Humanidade à jovem ativista sueca Greta Thunberg, que tem sido “fundamental para a defesa das causas climáticas”, a presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, Isabel Mota, diz que atribuição deste ano, entre 113 candidatos de 48 países, deve seguir a linha relacionada com a transição energética, uma vez que esta organização realça “a elevada importância da descarbonização e resiliência das cidades no combate à crise climática e na recuperação económica coesa e sustentável, bem como do impacto da ação local a nível global”, lê-se no comunicado.

“O Prémio vai, seguramente, alavancar as ambições climáticas e os planos de ação de diversas cidades africanas em zonas vulneráveis e que necessitam de toda a atenção”, nota Isabel Mota.

Já o júri do Prémio, que até à data da sua morte era presidido por Jorge Sampaio, afirma que a entrega do Prémio “não podia ser mais oportuna e apropriada, já que mais de metade da população mundial vive em áreas urbanas, sendo as cidades responsáveis por mais de 70% das emissões globais de CO2.”

O quadro de jurados, no qual integram personalidades envolvidas com causas ambientais, como o Príncipe Constantijn van Oranje, Hans Joachim Schellnhuber e Johan Rockström, também considera “determinante” o papel dos municípios para a luta contra as mudanças climáticas, sem excluir nenhuma parte do mundo, como tal está designado o montante milionário deste prémio: “apoiar a sua ação concreta na criação de cidades descarbonizadas e resilientes, com um foco especial em dois projetos em África”.

Frans Timmermans diz que o prémio “vem reconhecer o papel pioneiro das cidades na transição para uma economia com emissões zero de carbono e também a urgência em combater a crise climática em todo o mundo”.

Michael Bloomberg também explica que o valor do prémio servirá para recuperar, através do combate às alterações climáticas, “dos impactos económicos provocados pela pandemia” naquelas cidades da África subsariana.

Os projetos no Senegal e nos Camarões estão neste momento “dependentes de financiamento para avançar”, e irão ajudar “cidades de médio e baixo rendimento a fazer a transição para economias de baixo carbono resilientes ao clima, por meio de uma parceria entre entidades financiadoras”.

No Senegal, desenvolver pontos de abastecimento de água para uso doméstico em cinco cidades “vai beneficiar famílias desfavorecidas e terá um elevado impacto na saúde pública, na economia e na redução das desigualdades de género.

Enquanto, o foco nos Camarões concentra-se na “renovação da rede de iluminação pública na cidade de Garoua, recorrendo a tecnologias mais eficientes e à instalação de novos equipamentos”, prevendo também o “alargamento da rede a locais remotos ou não servidos pela rede pública de eletricidade”.

“A instalação de iluminação pública trará benefícios em termos de segurança, sobretudo de mulheres e raparigas jovens, além da redução de emissões e também de despesa pública”, evidencia a mesma nota.

O Prémio Gulbenkian para a Humanidade vai ser entregue a 9 de novembro na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP26), que se realiza em Glasgow, na Escócia.