“País autoritário, violento, racista”. Wagner Moura diz que Bolsonaro censurou estreia de filme que produziu

“É triste, é só triste. Eu não tenho raiva, só tristeza”, disse o ator de 45 anos, que considera a vitória de Bolsonaro “trágica, mas pedagógica”. 

O ator Wagner Moura não tem a "menor dúvida" de que o filme Marighella, do qual foi produtor, foi censurado pelo governo do Presidente brasileiro Jair Bolsonaro. Segundo o ator que protagonizou a série de um dos maiores traficantes de droga do mundo, o seu filme deveria ter estreado há dois anos, mas foi impossbilitado pela Ancina – Agência Nacional do Cinema, que censurou a pelicula de entrar nas salas de cinema do país. 

Numa entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o ator de 45 anos partilhou a sua opinião sobre a liderança de Bolsonaro, ao admitir que a sua vitória foi "trágica, mas pedagógica", uma vez que revela que o Brasil também é "um país autoritário, violento, racista, de uma elite escrota", embora esteja repleto de "orginalidade, beleza, potência, diversidade e de biodiversidade". 

Sobre a censura que passa no setor do cinema, Wagner Moura disse que "não é como na época da ditadura", tão rígida, mas é "uma censura que inviabiliza o lançamento do filme por uma via burocrática". "É triste, é só triste. Eu não tenho raiva, só tristeza". 

O filme do ator prestigiado no Brasil e também pelos ecrãs internacionais foi proibido de estrear no Brasil duas vezes, segundo indicou Moura. "Não tenho menor dúvida de que o filme foi censurado. As negativas da Ancine para o lançamento e, depois, o arquivamento dos nossos pedidos não têm explicação. E isso veio numa época em que o Bolsonaro falava publicamente sobre filtragem na agência", ao ter rejeitado financiar filmes associados à comunidade LGBT.