Web Summit do Evangelho, precisa-se!

“Mas sonho muitas vezes com o dia em que consiga iniciar uma nova relação da Igreja com as novas tecnologias”.

Avizinha-se, nesta próxima semana, um tempo de inferno na cidade de Lisboa. Porquê? Porque há um evento chamado Web Summit que vai atrair quarenta mil pessoas à nossa capital: o trânsito irá piorar; os transportes públicos ficarão cheios; as esplanadas hão-se ficar repletas. Acabou-se a ‘paz’!

Sinto uma atração enorme por estes eventos e, principalmente, pelo sujeito do próprio evento: a tecnologia. Há anos que sou doido pelas novas tecnologias. Gosto de saber o que há de novo no campo das tecnologias e como funcionam. Imagino, muitas vezes, a melhor forma de me aproveitar destas possibilidades que se nos apresentam no mundo contemporâneo. Quem me conhece sabe que não sou possuidor de grandes tecnologias, principalmente, porque não preciso de umas e de outras não consigo comprar. O que posso utilizar para a minha vida do dia-a-dia, utilizo! Um tablet para ler livros e rezar, um computador para escrever, um telemóvel todo partido e pouco mais. Porém, ainda me uso muito das novas tecnologias como um prolongamento da máquina de escrever e do livro. É um uso muito limitado.

Tenho consciência disso! Tenho consciência que o uso que faço das novas tecnologias é muitíssimo limitado. Mas sonho muitas vezes com o dia em que consiga iniciar uma nova relação da Igreja com as novas tecnologias. Se uso o tablet como substituto do livro ou o computador como substituto da máquina de escrever, tenho a absoluta noção de que não aproveito nada das novas tecnologias para criar novas experiências e novas relações espirituais junto das pessoas.

Talvez um dia consiga criar uma equipa de peritos que queiram investir neste tempo e dinheiro numa tradução do evangelho em categorias nossas contemporâneas, a partir de novos meios de comunicação. 

Eu sonho! Sonho! Mas ainda não acordei, porque quando acordo vejo, logo, as grandes limitações que temos hoje para desenvolver este tipo de ferramentas e de novas relações: o maldito do dinheiro! O dinheiro que apesar de maldito é necessário para tudo na nossa vida e também para o desenvolvimento destas tecnologias. 

Estou profundamente consciente de que, hoje, temos de nos juntar numa comunidade tecnológica que nos permita fazer avançar na tradução de uma nova relação como o evangelho. É evidente que não existe um investidor que investida o seu dinheiro sem perceber se existe um retorno financeiro, mas às vezes precisamos de nos investir ao perceber o quanto podemos mudar o mundo.

Nós precisamos, mesmo, de uma Web Summit do evangelho! 

Quem sabe se algum cristão esteja na disposição de se aventurar na organização de uma Web Summit tendo como objeto principal o anúncio do evangelho. Eu diria: é urgente que nos adaptemos às novas linguagens e às novas formas tecnológicas de de experimentarmos a vida espiritual. Ando sempre à ‘cata’ de coisas novas que estejam a sair em todo o mundo e há um ano veio-me às mãos uma série televisiva que pude ver no telemóvel chamada The chosen. É um forma descontraída e intensa de mostrar quem é Jesus Cristo e de que forma a sua vida tem a ver com a vida dos discípulos e, consequentemente, com a nossa vida.

Em Itália já existe uma empresa (género Netflix) que coloca à disposição dos assinantes vários conteúdos católicos. Quem assina aquele canal de televisão tem à sua disposição um conjunto de séries e documentários de inspiração cristã ou mesmo explicitamente cristãos.

Nós deveríamos gastar metade do orçamento das paróquias em formas novas de anunciar o evangelho. Deveríamos pensar em criar novas formas chegarmos a milhões de pessoas que no nosso país, e em todo o mundo, se encontram à espera de uma palavra de conforto. 

Urge, pois, criar-se um novo evento, em Portugal, de Web Summit só dedicado ao evangelho.