Cop26. Estados Unidos regressam à High Ambition Coalition

Coligação já junta mais de 60 países e tem como objetivo manter o aquecimento global abaixo da meta de 1,5 graus.

O Presidente do segundo país mais poluente do mundo, Joe Biden, prometeu que iria “liderar pelo exemplo” no combate contra as alterações climáticas e anunciou, durante um discurso na Cimeira de Líderes Mundiais da 26.ª conferência do clima das Nações Unidas (COP26), que os Estados Unidos iriam regressar à coligação High Ambition Coalition, grupo de países da ONU que tem como objetivo manter o aquecimento global abaixo de 1,5 graus nas próximas duas décadas, uma das principais metas do acordo de Paris.

A coligação formada por mais de 60 países irá pedir, esta quarta-feira, ao resto do mundo para reduzir a emissão de gases de efeito de estufa, assim como a utilização de carvão e combustíveis fosseis.

Além destes apelos, a High Ambition Coalition vai solicitar aos países ricos que aumentem o investimento no financiamento climático nos países mais pobres para os ajudar a adaptarem-se aos impactos da crise climática.

“A High Ambition Coalition foi instrumental ao assegurar que o ambicioso objetivo de manter o aquecimento global abaixo de 1,5 graus integraria o Acordo de Paris, e será agora instrumental em Glasgow [local onde está a acontecer a Cimeira do Clima], ao assegurar que será cumprida”, declarou um oficial sénior do governo dos Estados Unidos, citado pelo Guardian.

O combate contra as alterações climáticas foi uma das principais bandeiras da campanha de Joe Biden, que, na COP26, defendeu a aposta nas energias renováveis, reforçando como estas podem ter potencial para o crescimento económico, e afirmou que o esforço para travar o aquecimento global “é um imperativo moral, mas também é um imperativo económico”.

“Os preços altos de energia só reforçam a necessidade urgente de diversificar as fontes, reforçando o desenvolvimento limpo”, justificou Biden, prometendo ainda fazer “investimentos históricos em energia limpas”, onde estariam incluídos benefícios fiscais para a instalação de painéis solares, isolamento das casas e aquisição de veículos elétricos, ao mesmo tempo que exaltou o potencial de criação de postos de trabalho no fabrico de painéis e torres eólicas, instalação de cabos para as redes elétricas e produção de sistemas de captura de dióxido de carbono.

O Presidente norte-americano, que falou numa sessão de declarações nacionais, abertas a todos os chefes de Estado ou chefes de governo presentes, sobre as suas metas e planos para combater as alterações ambientais, ainda reforçou o compromisso dos Estados Unidos de cortar as emissões de gases com efeito de estufa em 50% a 52% relativamente aos níveis de 2005, equivalentes a mais de uma gigatonelada até 2030, para atingir a neutralidade carbónica até 2050.

Estas novas medidas agora anunciadas são ainda mais ambiciosas do que as implementadas pelo ex-Presidente Barack Obama, em 2016, e que foram revogadas pelo seu sucessor, Donald Trump.

A luta de Biden contra as alterações climáticas está contudo a enfrentar obstáculos “caseiros”, com senadores democratas a oporem-se à iniciativa Build Back Better World, descrita pelo Presidente como “o maior esforço para combater as alterações climáticas na história americana”.

A posição de senadores como o influente Joe Manchin já levaram a que este projeto de lei fosse reduzido de 3 biliões de euros (3,5 biliões de dólares) para 1,5 biliões de euros (1,75 biliões de dólares).