As lições de quem escalou uma startup a um unicórnio de sucesso

Os conselhos de quem conseguiu transformar uma pequena empresa num negócio de mais de mil milhões.

Frequentemente ouvimos falar de startups que se tornaram muito grandes, muito cedo, o que, se correr mal, pode resultar numa queda a pique e igualmente rápida. A grande tarefa é saber fazer escalar uma empresa com inteligência.

Numa verdadeira lição sobre unicórnios – ou startups avaliadas em mais de mil milhões de dólares –, dois líderes de sucesso apontaram os momentos decisivos que lhes permitiram singrar no mundo dos negócios.

Há quatro anos, Jeffrey Kolovson confundou a Faire, uma empresa norte-americana que funciona como um mercado online e que estabelece a ligação entre marcas e retalhistas – uma espécie de Amazon com dimensão mais reduzida. Neste momento, a empresa já trabalha com mais de mil marcas e cerca de 250 mil retalhistas espalhados pelo mundo.

“Trabalhamos com pequenos negócios e a nossa mais valia é garantirmos que vão ver os seus produtos escoados”, conta o COO da Faire que compete com outros gigantes do mercado retalhista. E como é que isto se faz? Sendo mais compreensivo com os prazos. “Os nossos parceiros não têm que nos pagar durante 60 dias e podem pagar depois de verem os seus produtos vendidos”, explica.

Apesar de nunca ter sonhado que ia ter o êxito alcançado, considerando que se trata de uma empresa avaliada em mais de mil milhões de dólares, o momento de viragem foi durante a pandemia. “Muitas das nossas marcas estavam a passar dificuldades, mas com o encerramento do comércio de rua, os consumidores adaptaram-se bem a comprar online”. Nessa altura também estenderam os termos de crédito, com prazos mais alargados para os parceiros.

“Acabamos por sair bem sucedidos de algo que à partida ia ser mais exigente”, admite.

O boom com as vendas online permitiu que expandissem para águas internacionais. “Apercebemo-nos que uma marca nos Estados Unidos pode vender produtos para retalhistas de todo o mundo, porque os clientes na Europa e nos EUA são muito similares”.

Há um ano começaram por investir no Reino Unido, alcançando os 200 milhões de dólares em volume de vendas, valor que demoraram três anos a atingir nos EUA. Agora já estão em mais de uma dezena de países no continente europeu, Portugal incluído.

O maior desafio de internacionalizar a Faire, revela Jeffrey Kolovson, é que os produtos sejam iguais, bons e cheguem em boas condições.

Em 2011, Hiroki Takeuchi fundou a GoCardless, que se dedica a opções de pagamento sem cartões e sem intermediários. Neste momento, este unicórnio de sucesso gera 30 mil milhões de dólares. De acordo com o CEO, a ideia surgiu de uma “frustração generalizada”. “Os sistemas de pagamento dos bancos sempre foram muito ineficientes, há muitas regulamentações e era preciso conetar todos os bancos numa única plataforma”, descreve.

Mas o grande segredo, revela, é avaliar a eficiência dos investimentos. “É muito difícil angariar fundos e vais precisar sempre de mais do que aquilo que achas que precisas, portanto tens de saber onde alocar esses fundos”, aconselha Hiroki Takeuchi.