CGD. Lucro sobe para 429 milhões e vai dar dividendo de 300 milhões

Banco liderado por Paulo Macedo reduziu 55 trabalhadores e fechou 13 agências. BCE ainda está a avaliar nova administração do banco público. 

O lucro da Caixa Geral de Depósitos (CGD) aumentou 9,4% para 429 milhões de euros até setembro. A instituição liderada por Paulo Macedo garante que “a atividade económica em Portugal manteve o processo de recuperação iniciado no segundo semestre de 2020, apesar do impacto mais prolongado em determinados setores e empresas” e que as perspetivas de um impacto da situação pandémica na economia foi de menor dimensão face ao passado, “com menores efeitos ao nível da qualidade dos ativos de crédito, a par da robusta posição de capital, permitem o pagamento, ainda em 2021, de um dividendo extraordinário de 300 milhões de euros”.

A margem financeira (que resulta da diferença entre os juros recebidos e os juros pagos) caiu 6,5% para 724 milhões de euros, enquanto as comissões líquidas subiram 11,8% para 412 milhões.

Já os resultados com operações financeiras atingiram os 136,9 milhões de euros, o que representa um aumento de 100 milhões em relação ao ano passado. No entanto, a instituição financeira revela que esta variação foi influenciada por um ganho extraordinário registado com uma recuperação de ativos financeiros, no valor de 47 milhões.

As novas imparidades de crédito registaram 180,4 milhões de euros nos nove meses já decorridos de 2021, “um reforço face aos 90,2 milhões de euros registados no final do primeiro semestre, o que, líquida de recuperações (-138 milhões), se traduziu num custo de risco de crédito. Estas novas imparidades tiveram genericamente um cariz preventivo para os potenciais efeitos do fim das moratórias de crédito”. 

Os depósitos de clientes aumentaram 5,8 mil milhões de euros (8%) nos primeiros nove meses do ano, uma “evolução essencialmente justificada pela captação da CGD Portugal, impulsionado pelo aumento da taxa de poupança das famílias e demonstrando a confiança e vinculação dos clientes na Caixa”. Já o stock de crédito a empresas em Portugal (excluindo os setores de construção e imobiliário, onde se concentra a redução de NPL) cresceu 5,9%, reflexo do reforço da atividade comercial no apoio às empresas.

No crédito à habitação e face ao período homólogo de 2020, o crescimento em termos de nova produção foi de +56% no montante concedido, resultando na liderança do mercado com uma quota de nova produção de 24,2%, até agosto de 2021. “A CGD manteve a tendência de crescimento acima do setor e reforçou a sua quota de mercado face a 2020”.

Custos caem

Do lado dos custos com estrutura verificou-se uma redução acentuada de 17,6% para 511 milhões de euros, com os custos com pessoal a caírem 27,9% para 276,7 milhões de euros e os custos administrativos a recuarem 5,2% para 159,8 milhões.

No final de setembro, a Caixa tinha 6189 empregados, menos 55 do que os 6244 de final de 2020. Já face a setembro de 2020, a redução é de 220 trabalhadores. Já em termos de rede comercial, no final de setembro a CGD tinha 543 agências, menos 13 do que no final do ano passado.

Segundo a entidade liderada por Paulo Macedo, esta queda “deveu-se essencialmente à diminuição acentuada registada nos custos com pessoal (-27,9%)”, para 276,7 milhões de euros, referindo que este valor inclui o impacto de 94,6 milhões de euros “devido essencialmente ao ajustamento de provisões associadas a benefícios pós-emprego e ajustamento nos custos previstos com o programa de pré-reformas”.

No entanto, lembra que “este impacto é parcialmente compensado ao nível do resultado líquido na rubrica de provisões”. Já se fossem excluídos estes fatores extraordinários haveria uma queda de 2,0% nos custos com pessoal, refere a CGD.

Nova administração ainda em avaliação

Paulo Macedo revelou também que o Banco Central Europeu (BCE) ainda está a avaliar a nova administração do banco público. “Está no BCE e estamos a aguardar a conclusão desse processo”, disse Paulo Macedo. Segundo o gestor, no primeiro trimestre do ano, o Governo designou os administradores executivos, no segundo trimestre os administradores não executivos e no terceiro trimestre houve o início da apreciação dos nomes pelo BCE.

Paulo Macedo irá manter-se como presidente executivo. Já o novo presidente não executivo será António Farinha de Morais, ex-administrador do BPI.