Catarina Martins: “A crise política é artificial” e um “truque” de Costa

Na ótica da bloquista, haviam outros caminhos a percorrer antes do chumbo do OE 2022, mas “a ambição da maioria absoluta levou o PS a recusar um entendimento”. 

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) afirmou, este sábado, que a crise política – que levou à dissolução do Parlamento e à convocação de eleições legislativas antecipadas após o chumbo do Orçamento do Estado para 2022 (OE 2022) – é “artificial” e um “truque” de António Costa e da sua “obsessão” pela maioria absoluta.

“A crise política é artificial, é um truque com que António Costa quebrou pontes com a esquerda na obsessão da maioria absoluta", considerou, durante um comício no Coliseu do Porto, lembrando a “intransigência” do PS nas negociações do OE 2022.

Na ótica da bloquista, haviam outros caminhos a percorrer antes do chumbo do OE 2022, mas “a ambição da maioria absoluta levou o PS a recusar um entendimento”. "Nunca em nenhum país europeu foram convocadas eleições por causa de um chumbo de uma proposta de Orçamento de Estado", acrescentou.

"E o resultado é esta crise artificial e desnecessária, que o Presidente [da República] anunciou ainda durante a negociação do orçamento e que o primeiro-ministro prontamente aceitou na vertigem da tão desejada maioria absoluta", rematou.

"Justifica-se mesmo uma crise só porque o PS não aceita carreiras com exclusividade e condições adequadas para os profissionais de saúde, como propunha a lei de António Arnaut e João Semedo?”, questionou.

Recorde-se que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou, na quinta-feira, que decidiu dissolver o Parlamento e convocar eleições legislativas para 30 de janeiro. A decisão foi tomada após o chumbo do Orçamento do Estado para 2022, a 27 de outubro.