Mais de 10 elementos do exército detidos por suspeitas de tráfico de ouro e diamantes

Comandos aproveitam a não fiscalização dos aviões militares para trazerem diamantes, ouro e droga para Portugal. 

A Polícia Judiciária (PJ) está na manhã desta segunda-feira a realizar a maior operação do ano, com mais de 200 inspetores em mais de 100 buscas de Norte a Sul do País, numa operação relacionada com tráfico de ouro de diamantes que envolve membros da elite do Exército, avança a TVI. 

De acordo com o órgão de comunicação, a PJ tem mandados de detenção para comandos e ex-comandos sob suspeita d terem montado uma assciação criminosa em torno das missões portuguesas, ao abrigo da ONU, na República Centro Africana (RCA). Em causa está o tráfico de diamantes, de ouro e droga, que transportavam daquele país para a Europa em aviões militares, cuja carga não era fiscalizada. Além disso, a TVI afirma que existe ainda um esquema de branqueamento de capitais, através da compra de bitcoins [moeda virtual transicionada na Internet sem controlo das autoridades financeiras].

A investigação comandada pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ e acompanhada pelo juíz Carlos Alexandre já conta com mais de 10 detidos. De acordo com o órgão supramencionado, a investigação passa pelo regimento de Comandos, no quartel da Carregueira  – base dos principais suspeitos. 

Envolvidos estão comandos e ex-comandos que passaram por missões militares na RCA, sendo alguns deles polícias: agentes da PSP e militares da GNR.

O negócio assenta essencialmente no lucro dos chamados "diamantes de sangue" -. extraídos de um país que está em constante conflito, já tendo sido contabilizados milhares de mortos, onde se disputa também o controlo penas minas. Portugal tem, nos últimos dez anos, feito parte de dezenas de contigentes das Nações Unidas para operações de manutenção de paz naquele país. Foi nesse âmbito que os militares viram a oportunidade de se dedicarem ao tráfico de pedras preciosas, cuja extração é recorrentemente feita através do trabalho forçado de crianças.

Os comandos aproveitavam as vantagens de os aviões militares não serem fiscalizados para trazerem os bens preciosos no regresso das missões. A partir de Portugal, os diamantes em bruto seguiam por via terrestre para Antuérpia e Bruxelas, na Bélgica, onde eram vendidos por preços milionários.

A operação decorre na grande Lisboa mas também no Norte do país, com buscas no Porto, em Bragança ou em Vila Real.