Lukashenko ameaça cortar gás natural na Europa e aconselha líderes “sem cérebro” a “pensar antes de falar”

O gasoduto Yamal-Europa atravessa a Bielorrússia e fornece gás russo a vários países europeus. Ameaças de Alexander Lukashenko estão relacionadas com possíveis novas sanções da União Europeia por causa da crise migratória na fronteira do país com a Polónia.

O Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, ameaçou, esta quinta-feira, suspender o funcionamento do gasoduto Yamal-Europa – que atravessa a Bielorrússia e fornece gás russo a vários países europeus, como a Alemanha e a Polónia –, como forma de responder a possíveis novas sanções da União Europeia (UE).

Em causa está a crise migratória na fronteira da Bielorrússia com a Polónia, cuja culpa é atribuída por Bruxelas a Minsk. Desde segunda-feira, centenas de migrantes, provindos do Médio Oriente e África, tentam atravessar a fronteira para entrar na Polónia. A UE acusa a Bielorrússia de atrair os migrantes com vistos e de lhes facilitar a chegada à fronteira com Estados-membros, como forma de retaliação pelas sanções impostas por causa da repressão da sociedade civil e da oposição democrática.

“Estamos a aquecer a Europa e eles estão a ameaçar fechar a fronteira. E se cortarmos o gás natural que vai para lá?”, ameaçou o Presidente bielorrusso.

“Aconselho os líderes polacos, lituanos e outros sem cérebro a pensar antes de falar”, acrescentou.

Na quarta-feira, o Conselho Europeu anunciou novas medidas contra o país, que incluem a suspensão parcial do Acordo UE-Bielorrúsia sobre a facilitação da emissão de vistos para funcionários com ligações ao regime bielorrusso.

Segundo o Conselho Europeu, a retaliação da Bielorrússia começou em junho do último ano, numa altura em que o país começou “a organizar voos e viagens internas para facilitar o trânsito de migrantes para a UE, primeiro para a Lituânia e posteriormente para a Letónia e a Polónia”, sendo a maioria destes migrantes de nacionalidade iraquiana, afegã e síria.

A título de exemplo, na Lituânia o número de chegadas de migrantes irregulares é mais de cinquenta vezes superior ao verificado em 2020. Também na Polónia e na Letónia se registou “um aumento significativo das passagens irregulares das fronteiras a partir da Bielorrússia”.

Apesar da intervenção da UE, que levou à “diminuição drástica” de migrantes, “a pressão migratória nas fronteiras continua a ser elevada”.