PSP. Sindicato lamenta subsídio de risco inferior ao dos trabalhadores da Função Pública

“Mais uma vez, continuamos a ser o parente pobre do Estado porque recebemos menos do que os outros”, diz Pedro Carmo, da OSP/PSP.

PSP. Sindicato lamenta subsídio de risco inferior ao dos trabalhadores da Função Pública

Cinco dias depois do anúncio da criação de um suplemento de risco para assistentes operacionais – que vai variar entre os 3,36 euros e 4,99 euros por dia por trabalhador, isto é, 15% do salário base diário e começará a ser pago já em janeiro -, Pedro Carmo, presidente da Organização Sindical dos Polícias (OSP/PSP), esclarece que “a distinção que fazem entre os polícias e os outros trabalhadores é absurda”.

E garante: “A nossa opinião, enquanto sindicato, é que todas as pessoas que desempenham funções mais propícias a lesões ou agravamentos do estado de saúde devem ser recompensadas tendo em conta a legislação e devem ser remuneradas por isso”, diz ao i, sublinhando que, na sua ótica, “as forças de segurança têm um risco muito mais elevado em certos aspetos e não tem qualquer lógica receberem 100 euros”, destaca, referindo-se à atualização do subsídio de risco para a PSP e a GNR que foi aprovada em Conselho de Ministros há dois meses.

Para Pedro Carmo, o facto de a Lei do Orçamento do Estado não ter tido em atenção estas autoridades diz respeito “a mais um lapso de pré-campanha eleitoral e de marketing do Governo”. E acrescenta: “Mais uma vez, continuamos a ser o parente pobre do Estado porque recebemos menos do que os outros”.

Reconhecendo que “a lei laboral existe e deve ser aplicada em Portugal, e os patrões devem ser obrigados a pagar tudo aquilo que devem”, associa esta situação a uma “questão muito simples”. “Não podemos fazer greve, continuamos a trabalhar. Há protestos dos médicos e dos enfermeiros que asseguram os serviços mínimos e a Polícia Judiciária já fez greve também, mas nós não temos forma de pressionar o Governo. Só vamos ganhar mais 30 euros do que o ordenado mínimo no próximo ano”.

Deste modo, questiona “como é que, abrindo um concurso de 1200 pessoas, alguém quer vir para cá?”, elucidando que, atualmente, com o prosseguimento de estudos ao nível do Ensino Superior a ser um dos caminhos mais escolhidos pelos jovens, “só se alguém não arranjar emprego na sua área é que vai procurar a polícia”.

“Sabendo o vencimento e o sacrifício, que vão correr riscos de decisões imediatas… Quase ninguém quer vir para cá. Até porque, hoje em dia, a globalização traz informação e as pessoas já sabem como tudo funciona. Ninguém vai procurar a polícia por estes valores e por este trato”, diz, admitindo que quem inicia um percurso no mundo laboral prefere “dormir sossegado, ficar perto de casa e não lidar com os problemas dos outros”.