Covid-19. Casos dispararam 48% e população de 60 e 70 anos não escapa à subida

Maiores de 80 registam aumento de infeções mais ténue, mas diagnósticos dispararam nos jovens e na faixa etária dos 60 e 70 anos. DGS não fornece dados sobre estado vacinal de doentes. Governo convoca reunião do Infarmed para sexta-feira para preparar o Natal.  

O número de diagnósticos de covid-19 aumentou 48% na última semana, o maior salto dos últimos meses numa altura em que os peritos dão como certa uma quinta vaga no país. Os dados desagregados por faixa etária, disponibilizados pela Direção Geral da Saúde, permitem concluir que o aumento é transversal a todas as faixas etárias, mas mais ténue nos maiores de 80 anos, que iniciaram mais cedo o reforço da vacina. Já a população de 60 e 70 anos, sendo a idade e comorbilidades um fator de risco para complicações, não está a escapar à subida acentuada de infeções. 

Analisando os dados da DGS, é possível concluir que na última semana, de segunda-feira a domingo, foram diagnosticados no país 10 328 novos casos de covid-19, uma média de 1400 casos diários, quando na semana anterior tinham 6974, abaixo de mil casos por dia. A população mais nova e com menor risco de complicações continua a representar a maioria dos casos, com 50% dos diagnósticos abaixo dos 40 anos.

O risco aumenta com a idade e aqui o aumento de casos transversal a todos os grupos etários é um sinal negativo na evolução da pandemia. Em termos absolutos, registaram-se 1051 casos na população entre os 60 e 69 anos, quando na semana anterior tinham sido 699 (+50%). Já na população ente 70 e 79 anos, o número de diagnósticos subiu de 490 para 730 na última semana (+49%). Nos idosos com mais de 80 anos, verificam-se 406 diagnósticos na última semana, depois de 383 na semana anterior (+6%).

Apesar do aumento da incidência, a situação mantém-se bastante diferente da que se verificava no ano passado por esta altura, quer em número de diagnósticos quer em doentes internados e na mortalidade associada à covid-19. Nas primeiras semanas de novembro de 2020, o país registou uma média diária de mais 5 mil casos de covid-19, com os diagnósticos na população com mais de 80 anos, na altura sem vacina, acima dos 2 mil por semana. Nessa altura, foram introduzidas restrições ao fim de semana, com fecho de comércio às 13h nos concelhos de risco elevado.

Verificavam-se então mais de 50 mortes por dia de covid-19, que ultrapassariam a barreira dos 100 óbitos a 8 de janeiro deste ano. Nos hospitais, permanecem também internados menos doentes com covid-19 do que na primeira quinzena de novembro de 2020, quando o SNS se aproximava já de 3 mil doentes hospitalizados, 415 em cuidados intensivos. Atualmente estão internados 470 doentes com covid-19, 76 em UCI.

Questionada pelo i, a Direção Geral da Saúde não tem respondido no entanto sobre qual é o estado vacinal dos doentes que têm vindo a ser diagnosticados, internados e a falecer nas últimas semanas, o que não permite completar o perfil dos doentes afetados nesta quinta vaga. 

Vacina para maiores de 40 anos? Outra questão que ontem ficou sem resposta é se há planos para estender o reforço da vacina. Em Inglaterra, a decisão anunciada ontem foi avançar com o reforço da terceira dose para a população com mais de 40 anos, tema sobre o qual a comissão nacional de vacinação ainda não se pronunciou. Outro apelo de diferentes especialistas nos últimos dias prende-se com a testagem. Ao Nascer do SOL, o epidemiologista Manuel Carmo Gomes defendeu o uso de auto testes antes de convívios familiares.

Já o médico de Saúde Pública Bernardo Gomes defendeu o regresso da comparticipação de testes rápidos. Questionado pelo i, o Ministério da Saúde não respondeu se essa medida faz parte dos planos, depois do fim da comparticipação em setembro.

Com a Europa em sobressalto e confinamentos parciais decretados nos Países Baixos e Áustria, o primeiro-ministro anunciou ontem a convocação de uma reunião do Infarmed para sexta-feira para preparar a época festiva. A este ritmo de aumento de casos, o país pode chegar ao Natal no mesmo patamar de infeções que se vivia no Natal do ano passado, com a agravante de dois feriados no mês de dezembro interferirem com o número de diagnósticos. Com os diagnósticos de ontem, a incidência a 14 dias passou já a linha vermelha dos 240 casos por 100 mil habitantes na região Centro (249,6) e no Algarve (298,8).

Na última comparação do Centro Europeu de Prevenção e Controlo da Doença, referente a 11 de novembro, Portugal surgia como o sexto país com a incidência de covid-19 mais controlada, com 122 casos por 100 mil habitantes a 14 dias (agora, calculou o i, está já perto dos 170 casos por 100 mil habitantes). No extremo oposto surgem a Áustria (1026,8 novos casos por 100 mil habitantes a 14 dias), Bélgica (943,4) e Bulgária (912,5).