Os dias passam e o paradeiro de Peng Shuai continua por descobrir. Governo chinês diz desconhecer caso da tenista

Depois de a imprensa internacional ter abordado o tema, o Governo chinês disse desconhecer a polémica em torno do caso da ex-tenista Peng Shuai, que recorreu às redes sociais no início de novembro para acusar um ex-primeiro-ministro do Partido Comunista da China de abuso sexual. 

Os dias passam e o paradeiro de Peng Shuai continua por descobrir. Governo chinês diz desconhecer caso da tenista

Encontrar a tenista Peng Shuai será uma tarefa cada vez mais complexa, visto que o Governo chinês disse desconhecer a polémica em torno da atleta, que deixou de ser vista em público depois de acusar um ex-primeiro-ministro do Partido Comunista da China de abuso sexual. 

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Zhao Lijian, afirmou, esta sexta-feira, em conferência de imprensa que o desaparecimento de Shuai "não é uma questão diplomática" e não está ocorrente da situação, algo que já proferiu consistentemente, a partir do momento em que o tema foi abordado pela imprensa internacional ao longo desta semana. 

Já as Nações Unidas pediram provas sobre as condições em que se encontra a tenista chinesa. "Seria importante ter provas do paradeiro e saber se ela está bem", indicou Liz Throssell, porta-voz do Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU, numa conferência de imprensa hoje em Genebra, exigindo ainda "uma investigação transparente" sobre as agressões sexuais, que "existem em todas as sociedades". 

Peng, de 35 anos, é uma ex-tenista do ranking de duplas femininas, tendo conquistado títulos em Wimbledon, em 2013, e no The French Open, em 2014, e revelou nas redes sociais, a 2 de novembro, que foi forçada a ter relações sexuais por Zhang Gaoli, um ex-vice-primeiro ministro e membro do Comité Permanente do Politburo do Partido Comunista, durantr três anos. 

Segundo mensagem da tenista, a mulher de Zhang ficou de guarda à porta durante o incidente. Na mesma mensagem Peng apontou que, depois daquele primeiro encontro, ela passou a sentir algo por ele. Passados poucos minutos, o texto foi apagado e a imprensa chinesa, cuja está submetida à censura do regime comunista, não abordou o assunto.

As organizações da modalidade têm estado atentas ao desaparecimento de Shuai. O presidente da Associação de Ténis Feminino (WTA), Steve Simon, expressou "crescente preocupação" relativamente à segurança de Peng Shuai, depois de a imprensa daquele país ter difundido uma mensagem na qual a tenista garante "estar bem".

Alegadamente, Peng enviou uma mensagem a Steve Simon, na qual garantia que estava "bem e a descansar". Agora, o texto possivelmente escrito por Peng está a ser difundido na página da rede social Twitter televisão estatal chinesa CGTN

"Não estou desaparecida. As alegações de abusos sexuais não são verdadeiras. Estou a descansar em casa e estou bem. Obrigado pela sua preocupação", lê-se na mensagem atribuída a Peng.

"É difícil acreditar que Peng Shuai escreveu aquela mensagem que recebemos ou que lhe pode ser atribuída. Peng revelou grande coragem ao descrever as alegações de abuso sexual contra um alto quadro do Governo chinês. A WTA e o resto do mundo precisam de obter evidência verificável de que ela está segura. Tentei contactá-la de várias maneiras, mas sem sucesso", disse Simon, em comunicado, esta sexta-feira. 

Todas as acusações nas redes sociais estão a ser passadas a pente fino pelo Governo chinês, que tem apagado todas publicações referentes a Peng Shuai. Já na rede social Twitter, a hashtag #WhereIsPengShuai (Onde está Peng Shuai?) tem estado a circular.