Covid-19. Europa unida contra novo confinamento

Depois de introduzir um confinamento apenas para as pessoas não vacinadas, Áustria implementa um novo confinamento geral. Ministro germânico diz que até final do ano “alemães estarão vacinados [contra a covid-19], curados ou mortos”.

Depois da Letónia, a Áustria tornou-se o segundo país da União Europeia a reintroduzir o confinamento nacional, esta segunda-feira.

A decisão foi imposta numa altura em que o país observa o número médio de mortes diárias a triplicar nas últimas semanas e alguns hospitais começam a alertar para o facto de estarem a ficar sem capacidade nas unidades de cuidados intensivos.

Depois de ter aplicado um confinamento apenas aos membros da população que ainda não estavam vacinados, durante os próximos dez dias (20 caso as autoridades considerarem necessário), todos os austríacos estão proibidos de abandonar as suas casas, com a exceção de irem trabalhar, comprar produtos essenciais, fazer exercício ou visitar médicos, enquanto lojas de bens não essenciais vão permanecer encerradas.

A Áustria é um dos países europeus onde o número de infetados continua a crescer de forma preocupante, na última sexta-feira, foram reportados 15.809 novos casos de covid-19, um novo máximo desde o início da pandemia.

A população austríaca, com 8,9 milhões de habitantes, possui menos de 66% de pessoas totalmente vacinadas, o que representa uma das taxas mais baixas entre os países do oeste da Europa.

Face a esta realidade, o chanceler austríaco Alexander Schallenberg anunciou que o país vai tornar obrigatória a vacinação a partir de 1 de fevereiro, depois do Vaticano ter decidido no mesmo sentido.

Os detalhes de como esta operação irá funcionar ainda não estão claros, no entanto, o Governo afirmou que caso a população não cumpra estas instruções estará sujeita a multas.

Protestos contra medidas Estas medidas foram recebidas com desaprovação pela população austríaca, levando a protestos com dezenas de milhares a tomar as ruas, culpando o governo por não fazer mais para impedir a disseminação do vírus.

O analista político, Thomas Hofer, culpou o chanceler por manter “uma ficção” de uma pandemia controlada com sucesso durante demasiado tempo. “O Governo não acatou os avisos da próxima vaga da pandemia a sério”, disse Hofer à AFP, citado pelo Guardian. “O caos é evidente”.

Convocados por um partido de extrema-direita, FPO, os austríacos mostraram a sua desaprovação. “Esperava que não fosse necessário chegar a este ponto, especialmente agora que estamos imunizados”, disse ao jornal inglês o economista Andreas Schneider.

Mas a Áustria não é o único país envolto em protestos.

Os Países Baixos são um dos países onde foram registados confrontos mais violentos, que ocorrem deste sexta-feira, depois do Governo de Mark Rutte ter reintroduzido na semana passada medidas para combater o aumento de novos casos do SARS-CoV-2 e que afetam, em particular, o setor da restauração, que deve encerrar às 20h.

“O que vimos neste fim de semana é violência pura”, disse o primeiro-ministro holandês aos jornalistas, acrescentando que “nunca aceitará que idiotas” sejam violentos com a polícia “sob o pretexto de que estão infelizes” devido às restrições sanitárias.

Em Bruxelas, aconteceram 44 detenções durante os protestos que juntaram cerca de 35 mil pessoas contra as restrições adotadas para conter a pandemia de covid-19 e três policias ficaram feridos.

Mas o maior alerta vem da Alemanha, onde o ministro da Saúde surpreendeu a Europa com uma afirmação bombástica. Jens Spahn, alertou, esta segunda-feira, que os alemães estarão “vacinados [contra a covid-19], curados ou mortos”, até ao final do inverno. O alerta surge numa altura em que o país enfrenta uma nova vaga da pandemia, devido à propagação da variante “muito, muito contagiosa” Delta.