Vacinação contra a covid-19 obrigatória para militares alemães

A medida é vista como um passo no sentido de tornar as vacinas obrigatórias na Alemanha, como sucede na Áustria.

No centro da Europa, a paciência para com os não-vacinados começa a escassear, e o Governo alemão já deu ordem aos seus militares para se vacinarem. É algo visto como um passo significativo no sentido da Alemanha seguir o rumo da Áustria, que tornou a vacinação obrigatória.

Os representantes dos oficiais e praças acataram, anunciou o Ministério da Defesa alemão, esta terça-feira. Devendo a vacina contra a covid-19 ser adicionada brevemente à lista de vacinas obrigatórias para os elementos das forças armadas.

Noutros países europeus, como Portugal, onde a taxa de vacinação é bem mais elevada, não há tanta pressão para exigir ao militares que se vacinem.

Contudo, ainda assim, ao Governo português certamente interessa observar como esta medida é recebida entre a classe castrense alemã. Afinal, a notícia de que a percentagem de militares não-vacinados no seio das Forças Armadas portugueses é bem superior ao resto da sociedade, conforme avançou o DN, causou consternação. Sendo que quanto ao exército, este ficam impossibilitados de servir em missões internacionais.

O certo é que o Governo alemão cada vez menos parece virado para esperar que a população decida vacinar-se. Com somente 68% dos 83 milhões de alemães completamente vacinados, bem abaixo dos mais de 86% em Portugal, ou sequer do objetivo mínimo de 75% estabelecido pelas autoridades alemãs, o ministro da Saúde alemão, Jens Spahn, deixou um recado bem claro, esta segunda-feira.

“No final deste inverno, praticamente todos na Alemanha estarão vacinados, recuperados, ou morrido”, assegurou o ministro. “É verdade. Com a altamente contagiosa variante delta, isto é muito, muito provável. E é por isso que estamos a recomendar a vacinação tão urgentemente”.

Spahn não é o único que está com pressa, perante a catástrofe prevenível que se desenrola na Alemanha. Dirigentes políticos alemães da esquerda à direita do espetro político – exceto da Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita, um partido onde votam mais de metade dos alemães por vacinar, mostram as sondagens da Forsa – exigem que o seu país siga o exemplo austríaco.

Na prática, a obrigação da vacinação na Áustria, até agora, tem servido para dividir tanto a população como os peritos. As novas regras, que entrarão em vigor a 1 de fevereiro, já causaram protestos com dezenas de milhares de pessoas, encabeçados por grupos de extrema-direita.

“Isto aprofunda o fosso na nossa sociedade”, lamentou Thomas Czypionka, investigador de saúde pública no Instituto para Estudos Avançados de Viena, à Time. “Há um número crescente de pessoas que se opõem ao Governo e às políticas contra a covid-19. E esta obrigação da vacinação pode muito bem servir como um forte empurrão para mais radicalização”.