Portugal regressa ao estado de calamidade a 1 de dezembro

Máscaras, testes e certificados digitais passam a ser obrigatórios para entrar em determinados locais. Em janeiro, país entra em ‘semana de contenção’.

Portugal vai voltar ao estado de calamidade, a partir de 1 de dezembro, em resposta ao galopante aumento de novos casos de covid-19 no país, bem como dos internamentos e das mortes relacionadas com a doença.

António Costa apresentou ontem ao país um conjunto de medidas que passarão a estar em vigor, de modo a mitigar um aumento de casos que escalou intensamente nos últimos dias, com um total de 3150 casos positivos a serem registados só no dia de ontem.

As palavras de ordem do primeiro-ministro foram: vacinação e testagem. Prevê-se, aliás, um reforço no programa nacional de vacinação, passando a estar elegíveis para a terceira dose, até 19 de dezembro, os cidadãos com mais de 65 anos de idade (com vacinação completa há mais de 150 dias), incluindo recuperados. Também os cidadãos com mais de 50 anos que tenham sido vacinados com a Janssen ficarão elegíveis para este reforço.

De resto, três realidades encheram a declaração de António Costa: testes negativos, certificados digitais e o uso de máscara.

O acessório facial a que Portugal e o mundo se acostumaram nos últimos tempos não desaparecerá no futuro próximo, e o seu uso passará a ser obrigatório em todos os espaços fechados, incluindo restaurantes, estabelecimentos turísticos e alojamentos locais, bem como eventos com lugares marcados e até ginásios.

Por outro lado, aqueles que queiram visitar familiares em lares, ou pacientes internados em estabelecimentos de saúde, terão de apresentar um teste negativo. O mesmo é válido para quem quiser aceder a recintos improvisados, recintos desportivos, discotecas e bares.

Os testes negativos passarão também a ser obrigatórios para aqueles que viajem para Portugal, sejam ou não cidadãos nacionais. O controlo nos aeroportos, garantiu Costa, será mais apertado, e obrigará até à criação de salas de retenção para aqueles que falhem esta exigência. As companhias aéreas poderão incorrer numa coima de 20 mil euros por cada passageiro que desembarque em Portugal sem um teste negativo válido.

Finalmente, o certificado digital continuará a ser uma importante ferramenta na luta contra a pandemia da covid-19, e a sua apresentação voltará a ser obrigatória em restaurantes, estabelecimentos turísticos e alojamentos locais, bem como eventos com lugares marcados e ginásios.

filas intermináveis Com o aumento da procura de testes para aceder a determinados locais, prevê-se um aumento da afluência dos portugueses às farmácias que, em parceria com o Governo, oferecem um total de quatro testes rápidos de antigénio comparticipados, por mês, a cada cidadão. Ainda antes de António Costa anunciar as medidas para o futuro próximo, já o i tinha dado conta de um aumento no número de pessoas a recorrer a estes estabelecimentos para realizar testes rápidos à covid-19. Aliás, até onde o i conseguiu apurar, numa farmácia em Lisboa, chegaram a fazer-se cerca de 150 testes num único dia, dos quais não resultou qualquer caso positivo. Um contraste com o dia anterior, em que, de 27 testes feitos, 3 tiveram resultados positivos. “Nós sabemos que existem farmácias que fazem este serviço, e haverá algumas que ficarão com certeza mais sobrecarregadas”, começou por reagir Gustavo Tato Borges, vice-presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública, ao i.

“O Dr. António Costa até falou no jogo entre Benfica e Sporting, que poderá levar 60 mil pessoas a fazer testes. A verdade é que é possível que haja uma sobrecarga, mas também é possível que as pessoas agendem e façam a marcação com calma, podendo também beneficiar de várias farmácias”, reforçou o médico, que acredita ainda na possibilidade de o Governo poder “criar pontos de testagem fixos ou móveis de maneira a que seja mais fácil para o cidadão deslocar-se e fazer um teste”. “Poderá ser uma necessidade de reconhecer outros locais que possam ser parceiros de modo a que os cidadãos possam fazer o maior número de testes fidedignos”, concluiu Tato Borges.

Semana de contenção Além destas medidas, após o Natal e o Ano Novo, Portugal entrará numa ‘semana de contenção’, de 2 a 9 de janeiro, para controlar os possíveis efeitos nefastos da época natalícia. Também o ano letivo começará a 10 de janeiro.

Durante esse período, o teletrabalho será obrigatório, e as discotecas voltarão a estar encerradas.