Ministro da Economia acredita na “forte recuperação da economia”

Centeno alertou para “janela curta” de tempo de execução do PRR e diz que Portugal não pode desperdiçar o momento mais relevante desde a criação do euro.

A economia portuguesa vai prosseguir a trajetória de “forte recuperação”, apesar de mais uma vaga da pandemia. A garantia foi dada pelo ministro das Finanças. De acordo com João Leão não há margem para dúvidas: “Portugal tem-se mantido como um país com uma alta taxa de vacinação, a economia continua bastante aberta e em atividade. O Governo tomou um conjunto de medidas preventivas para evitar o avanço da pandemia, mas procurando não afetar ou condicionar a atividade económica e, por isso, esperamos a continuação de uma forte recuperação da economia em Portugal”.
Ainda assim, o governante reconhece que Portugal não pode ignorar o que se está a passar na Europa: “Não podemos ignorar o efeito que a pandemia está a ter na Europa e isso terá efeitos de curto prazo”, disse João Leão, esperando que depois do inverno prossiga a recuperação. E quando questionado sobre a possibilidade de ser implementada uma medida semelhante à das moratórias, Leão descartou essa possibilidade: “Por enquanto, ao nível das moratórias não se adivinham novas medidas nesse sentido.”

O ministro das Finanças referiu ainda que a despesa em 2021 cresceu “mais de três vezes” que o orçamentado sobretudo devido à pandemia de covid-19, o que “ajuda” caso seja necessário reativar apoios em duodécimos. Mas lembra que o regime de duodécimos obrigará à gestão mensal do total da despesa de 2021 dividido por 12, não abrangendo o sistema de Segurança Social.
Relativamente ao défice, o ministro das Finanças disse que “ainda é cedo” para perceber se o valor vai ficar abaixo do previsto este ano. 

Centeno deixa alertas O Governador do Banco de Portugal alertou para a “janela curta” de tempo de execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e avisou que perder tal oportunidade é desperdiçar o momento mais relevante desde a criação do euro. “Além do impacto estrutural no crescimento económico, o PRR realiza investimentos públicos e privados sem onerar no curto prazo as contas públicas. No entanto, na execução do programa deve ser tomada atenção aos desafios inerentes à muito curta janela temporal da utilização dos fundos”, afirmou o governador do Banco Central, num encontro em Lisboa sobre os desafios da economia portuguesa no pós-pandemia.

Mário Centeno disse ainda que os recursos europeus “devem ser utilizados para consolidar o crescimento” económico sustentável e financiar a transição digital e climática, e defendeu que esta transição deve ser apoiada na “utilização eficiente” dos fundos do PRR que foram disponibilizados a fundo perdido, defendendo que, neste momento de disrupção pandémica, o elemento chave é a estabilidade e previsibilidade das políticas públicas nacionais e europeias.

O ex-governador chamou ainda a atenção para a necessidade de diminuir o rácio da dívida pública, o que no seu entender, deve passar por uma redução que seja sustentada por um plano credível de redução orçamental, considerando que os setores privado e público “devem iniciar a desalavancagem” para Portugal poder enfrentar futuras crises.