Moçambique. Maior grupo de dissidentes da Renamo desarmado

A autoproclamada Junta Militar da Renamo, o maior grupo de dissidentes da oposição moçambicana, foi desmobilizada.

A Junta Militar da Renamo (JMR), o maior grupo dissidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), responsável por inúmeros ataques armados no centro do país, foi completamente desmobilizado. “Temos o prazer de informar que os últimos membros da JMR foram desmobilizados. Este último grupo de 24 membros da Junta Militar concluiu a desmobilização e juntou-se agora aos demais participantes das atividades de desarmamento, desmobilização e reintegração em curso em Moçambique”, refere o enviado pessoal do secretário-geral da ONU, Mirko Manzoni, em nota distribuída, esta quinta-feira, à comunicação social.

A autoproclamada Junta Militar da Renamo é um grupo dissidente da principal força política de oposição responsável por ataques armados no centro de Moçambique.

Este grupo perdeu o seu líder, Mariano Nhongo, um antigo líder guerrilheiro dissidente da Renamo, a 11 de outubro, 28 meses depois de uma contestação à liderança do principal partido de oposição e exigindo a renegociação do acordo de paz assinado em agosto de 2019.

Após a sua morte, o analista Wilker Dias disse ao Deutsch Welles que “duvidava que que a morte de Nhongo fosse o fim inquestionável” do grupo dissidente. “Estamos perante a morte de um líder, mas não a morte de um movimento”, disse, na altura da morte de Nhongo.

“O que deveria acontecer neste preciso momento era a persuasão daqueles indivíduos que fugiram aquando da investida por parte da Polícia da República de Moçambique (PRM) para que pudessem entregar-se às autoridades ou aderir ao processo de Desmobilização, Desarmamento e Reintegração (DDR)” dos ex-guerrilheiros da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), sugeriu.

Segundo adianta o enviado pessoal do secretário-geral da ONU, no total, 85 membros daquele grupo entregaram as suas armas e juntaram-se ao DDR, no âmbito do acordo de paz.

“O processo continuará a decorrer em Murrupula até à sua conclusão em meados de dezembro, estando previsto que no final do ano cerca de 63% de todos os beneficiários do DDR acolham o novo ano em casa, com as suas famílias e nas suas comunidades”, acrescenta a nota.

No entanto, o processo de acolhimento deste grupo de dissidentes não será fácil. “Temos uma dimensão social, política e económica do DDR que não está a ser tida em consideração e é exatamente por aí que se podem levantar alguns constrangimentos”, explicou, no mês passado, o analista Dércio Alfazema ao meio de comunicação alemão.

“As comunidades não estão a ser preparadas para receber esses homens e não há nenhum processo de criação de confiança que demonstra que essas pessoas que regressam [à vida civil] já não são guerrilheiros”, disse, abordando as complexas relações entre os membros da Renamo com os agentes da polícia e os membros do partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO).