João Leão acredita que economia vai crescer mais do que o previsto

Mas ISEG reviu em baixa as estimativas e acredita que PIB deverá crescer entre 4,3% a 4,5% este ano.

O ministro das Finanças acredita que a economia portuguesa vai crescer mais do que o previsto pelo Governo no próximo ano, ou seja, acima dos 5,5% inscritos na proposta do Orçamento do Estado para 2022, que foi entretanto chumbada. “A recuperação tem sido tão forte nos últimos meses que nós entendemos que há margem para crescer tanto ou mais do que o Governo previu”, disse João Leão. 

No entanto, o governante chamou a atenção para o “contexto de incerteza” associado à pandemia, que pode frustrar as expectativas: “Temos de ter a humildade de perceber que a pandemia pode surpreender-nos e levar a impactos mais significativos na Europa, que acabem por afetar Portugal”.

De acordo com as previsões do Governo, a economia portuguesa deverá crescer 4,8% em 2021 e 5,5% em 2022. “Sabemos que outros países tiveram de tomar medidas mais restritivas. Em Portugal, neste momento, não antevemos a necessidade de tomar essas medidas e, nesse sentido, consideramos que o crescimento [do PIB] pode até ficar acima do que o Governo previu”, indicando que a economia portuguesa está atualmente a registar uma “recuperação forte”. João Leão ressalvou, ainda assim, que o contexto é “de incerteza”, pelo que é preciso ter a “humildade de perceber que a pandemia pode nos surpreender”.

E detalhou que a evolução do mercado de trabalho será “melhor do que esperada pelo Governo”. Na proposta de Orçamento do Estado para 2022, o Governo estimava que a taxa de desemprego se situasse em 6,8%, em 2021. Ora, em outubro, a taxa fixou-se em 6,4%. “A taxa de desemprego está a baixar mais rapidamente do que era antecipado. Já este ano vai ficar abaixo do previsto pelo Governo”, frisou o ministro das Finanças, referindo que, à boleia desta evolução, o país vai “mais uma vez cumprir as metas orçamentais e o défice orçamental para este ano”.

ISEG revê em baixa previsão

Já o ISEG reviu em baixa as previsões de crescimento da economia portuguesa para este ano, situando-as agora no intervalo entre 4,3% e 4,5%, segundo a Síntese de Conjuntura de novembro. “Para a totalidade do ano, a crescimento do PIB é revisto em baixa para valores entre 4,3% a 4,5%”,diz o documento divulgado ontem, que atualiza as previsões de novembro, que apontavam para uma subida de 4,4% a 4,8%.

Segundo o documento, “com a informação atualmente disponível e as condicionantes algo limitativas da nova vaga da pandemia, espera-se que no 4.º trimestre de 2021 o PIB possa vir a crescer entre 4,5% e 5,1% em relação ao trimestre homólogo e entre 0,6% e 1,2% em relação ao trimestre anterior”.

O ISEG assinala também que em novembro “com o desencadear da crise política mas ainda sem o impacto da nova vaga da pandemia, os indicadores de confiança setoriais tiveram evoluções mistas”. E acrescentou: “a confiança desceu de forma significativa entre os consumidores e na construção”, mas subiu “de forma ligeira no comércio a retalho, indústria e serviços”, que atingiram “valores máximos desde meados de 2019”.

Mas lembrou que “devido à incerteza relativa à evolução da nova vaga da crise sanitária, parece provável que a confiança volte a cair de forma mais definida em dezembro”.