Onde fica a Direita?

Por Abel Matos Santos Ex-membro da direção do CDS e fundador do TEM O PSD escolheu entre Rangel, um federalista europeu e Rio, um homem de esquerda, a favor da eutanásia, do aborto e do casamento entre pessoas do mesmo sexo. O mesmo líder que não se importa de viabilizar um governo do PS ou de…

Por Abel Matos Santos
Ex-membro da direção do CDS e fundador do TEM

O PSD escolheu entre Rangel, um federalista europeu e Rio, um homem de esquerda, a favor da eutanásia, do aborto e do casamento entre pessoas do mesmo sexo. O mesmo líder que não se importa de viabilizar um governo do PS ou de bloco central.

A escolha de Rio retira totalmente o PSD do espectro político da Direita e não deixa de ser incompreensível como alguns que se dizem de Direita festejam esta vitória. Mais incompreensível é como o CDS de Rodrigues dos Santos se quer coligar com quem é totalmente contrário aos valores que o CDS diz defender, podendo até vir a integrar um governo de pendor socialista que o PSD viabilize ou integre.

Foi curioso ver como o futuro do CDS dependeu das eleições para a liderança no PSD. Se Rangel tivesse ganho, o CDS não teria coligação e desapareceria nas legislativas, mas com Rio ganha esperança numa coligação que pelo menos lhe garanta o mesmo número de deputados.

Com o PSD de Rio e o PS de Costa, as próximas eleições legislativas podem ser bipolarizadas entre estes dois Partidos, podendo levar ao chamado voto útil, da esquerda no PS e da Direita no PSD. Isto poderá retirar votos ao BE e ao PCP e à IL e ao Chega.

É neste enquadramento político que o processo de afirmação dos novos partidos terá de passar por uma diferenciação clara dos restantes. Se essa clarificação há muito que existe na Esquerda, ela tem de se feita agora na conquista do espaço político oposto e na explicitação clara aos eleitores do que é ser de Direita.

A IL terá mais dificuldade em marcar uma diferença para os restantes partidos e em se encontrar uma justificação válida para deixar o voto útil e votar num partido que em nada se distingue do BE, a não ser no liberalismo económico e na economia de mercado.

Já André Ventura terá de posicionar o Chega como o único Partido de Direita e fazer um discurso totalmente afirmativo dos valores e ideais da Direita conservadora, isto se quiser tornar o seu Partido numa opção que valha a pena para os eleitores e que contrarie a lógica do voto útil. Poderá ter sucesso, até porque a fatia de abstencionistas e desiludidos com o regime é mais de metade dos eleitores.

Com este panorama, não fica difícil ver onde fica a Direita!?

A verdade é que dia 30 de janeiro, decidimos o nosso futuro colectivo!