92% do país em situação de seca meteorológica no fim de novembro

Foi o quinto mais quente a nível global, mas em Portugal frio e falta de chuva foram muito significativos.

O último mês de novembro foi o terceiro mais seco dos últimos 90 anos, revelou esta terça-feira o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). Se a nível global, novembro de 2021 foi o quinto mais quente, apenas superado por 2020, 2015, 2016 e 2019, em Portugal dominou o frio, com o valor médio de temperatura mínima do ar a ser mesmo o 4.º mais baixo desde o ano 2000. Mas a redução da precipitação é o elemento que mais se destaca, tendo sido 17% do valor médio entre 1971 e o ano 2000.

O extremo mínimo de temperatura foi registado na estação de Alvega no dia 28, com -4.3°C. Já o maior valor de temperatura foi registado em Tavira, no dia 1, quando os termómetros chegaram aos 26.5°C. Entre frio e reduzida precipitação, o mês terminou com um agravamento significativo da seca meteorológica, em especial no Sul e em alguns locais dos distritos de Setúbal, Beja e Faro, que entram no inverno em situação de seca severa.

Ao todo, revelou o IPMA, 92% do território nacional está em situação de seca meteorológica, 61,6% classificada como seca fraca, 17,7% seca moderada e 12,6% como seca severa. O IPMA destaca que medido o índice de água no solo, Setúbal, Beja e Faro terminaram novembro com valores muito baixos, “inferiores a 20%, sendo em muitos locais iguais ao ponto de emurchecimento permanente”, quando não é possível o crescimento de vegetação. Em termos de seca severa, é um agravamento significativo face a outubro, quando 3% do território era classificado pelo IPMA nesta condição. Há um ano, novembro, mês muito quente e normal em termos de precipitação, terminou com um quadro menos gravoso: apenas com 12,4% do território em situação de seca, fraca.

No boletim climatológico divulgado pelo IPMA existe ainda referência ao que é popularmente designado de verão de São Martinho, este ano prolongado. “O período de 6 a 18, foi caracterizada pelo estabelecimento de um anticiclone de bloqueio, inicialmente localizado a nordeste dos Açores, orientado sudoeste – nordeste, conjuntamente com uma depressão centrada no Mediterrâneo Ocidental, determinava uma corrente de norte, fraca ou moderada, sobre o território do Continente”, explica o instituto. “A partir do dia 14, o anticiclone intensificou-se, adquirindo uma orientação zonal, desde a região a norte dos Açores até à Europa Central, e o território ficou sob a influência de uma corrente do quadrante leste moderada.”