Brasões florais ‘aquecem’ AM de Lisboa

A polémica em torno dos brasões da Praça do Império voltou a fazer aumentar a temperatura na Assembleia Municipal da capital.

A novela dos brasões da Praça do Império, em Belém, tem todo um novo capítulo. A recomendação  que previa a criação de ‘um percurso interpretativo no túnel de acesso ao Padrão dos Descobrimentos’, acabou chumbada, depois de não cair nada bem na Assembleia Municipal da capital, fazendo estoirar uma acesa discussão. A proposta transitou do antigo Executivo autárquico, e foi pano de fundo de uma intensa discussão na AM, com base numa petição que reuniu mais de 15 mil assinaturas, organizada pela associação Nova Portugalidade.

A recomendação acabou chumbada na AM, com 37 votos contra de PSD, CDS-PP, Aliança, PPM, MPT, Iniciativa Liberal, Chega e BE, um voto de abstenção do PAN e 36 votos a favor de PS, PCP, PEV, Livre e um independente do movimento Cidadão por Lisboa (eleito pela coligação PS/Livre).

Rafael Pinto Borges, promotor da petição ‘Contra o apagamento dos brasões da Praça do Império’ e presidente da Nova Portugalidade, fez questão de enaltecer o trabalho de mediação do ex-autarca Fernando Medina, garantindo que foi avaliada «uma solução razoável» para que os brasões não desaparecessem por completo. Uma «conquista que permite que a cidade se respeite a si mesma», até porque «está em causa a preservação da história».

Durante o debate, Isabel Mendes Lopes, do partido Livre, argumentou que «Lisboa não pode viver bem com o seu passado», e a temperatura começou a subir quando Leonor Rosas, do BE, acusou a petição de estar «pejada de saudosismo colonial e de falsidades históricas». Mais, Rosas acusou a Nova Portugalidade, instituição autora da petição em causa, de ser uma «associação de extrema-direita, […] que tem como bandeira o luso-tropicalismo desavergonhado, o branqueamento da história do colonialismo português, da sua violência e do saudosismo salazarista».

A resposta não veio em tom mais baixo, quando Luís Newton, representante do grupo municipal do PSD, garantiu que o partido «não recebe lições de democracia nem de tolerância de partidos que defendem a Coreia do Norte, que defendem a Venezuela, que defendem a Cuba comunista».