Mutualista: os quatro candidatos e as suas propostas

A Associação Mutualista Montepio Geral vai a votos a 17 de dezembro. Mais de 600 mil associados são chamados a participar. Conheça a história da maior Mutualista portuguesa, as mudanças por que passou e os desafios que tem pela frente.

 

Virgílio Lima: Recuperar ativos e aumentar o número de associados

O atual administrador da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) – assumiu o cargo nos últimos 22 meses, após a saída de Tomás Correia – entra na corrida a liderar a lista A, ou seja, a de continuidade. Em entrevista ao Nascer do SOL, garantiu que tem sido uma missão dificil, não pela pandemia, mas também devido ao um quadro de instabilidade que se vivia internamente, que se refletia externamente. A par disso, teve a seu cargo a necessidade de dar cumprimento ao código das associações mutualistas com a preparação de uma Assembleia de Representantes, assim como aprovar os estatutos que não estavam registados e preparar o regulamento eleitoral.

«Tudo isto foi preciso fazer num prazo muito curto decorrente da lei, em que foi necessário dar resposta à informação que a supervisão exigia neste período transitório, o que nos obrigou a dar muita informação não só sobre a associação, mas também sobre o grupo, em particular, em que foi necessário apresentar um plano de convergência e um de atividades a 10 anos», disse, na mesma entrevista. 

Mas apesar destes desafios, o candidato acena com os últimos resultados, em que se assistiu a um crescimento associativo e a um aumento da margem de negócio. «As poupanças dos associados cresceram em termos líquidos: 70 milhões no ano de 2020 e, este ano, até outubro atingiu os 100 milhões de euros. Também crescemos em número de associados: no último trimestre do ano passado começámos a ter um crescimento significativo e que se manteve este ano, em que já somos 602.800».

Um aumento que, de acordo com o Virgílio Lima, mostra um quadro de resiliência e de confiança que os associados depositam na sua associação. E face a este cenário de mudança na Mutualista fruto da nova legislação leva a que o candidato diga que este «é um momento crucial da vida coletiva, que não permite aventureirismos ou novas experiências».

E não hesita: «É preciso haver continuidade com renovação, mas sem ruturas. E no quadro do mutualismo, em que há uma inter-ajuda, uma solidariedade, uma ação recíproca entre as pessoas estes valores têm que ter continuidade. Alterações ou ruturas que se pudessem eventualmente observar são perturbadoras, são geradores de instabilidade. Essa instabilidade observou-se no passado e não é da gestão de A ou de B. Foram as circunstâncias que levaram a essa instabilidade que não ajuda nem a atividade, nem os associados», garantiu.

Acena com resultados positivos
Apesar de tanto o banco, como a associação continuarem a apresentar perdas, o candidato da lista A garante que isso está a ser ultrapassado e afirma que globalmente o grupo está, em termos consolidados, a ter resultados positivos. Ainda assim, justifica as perdas do Banco Montepio, com alguns custos de ajustamento decorrentes do encerramento de alguns balcões, o que no seu entender, este encerramento atingiu o ponto ótimo, não estando previsto o encerramento de mais balcões.

«Houve numa base voluntária – outra coisa não seria de se esperar num grupo dirigido às pessoas, onde os trabalhadores também são associados – uma adesão a mecanismos de reforma antecipada e de rescisão por mútuo acordo que naturalmente envolvem custos na saída. A própria desmobilização dos espaços físicos tem custos e foram esses custos de 24 milhões de ajustamento não recorrentes. Saíram do grupo até este momento cerca de 450 pessoas e não tem havido nenhum ruído por isso», referiu na mesma entrevista.

Virgílio Lima garantiu também que o banco não está à venda, afirmando mesmo que é um ativo estratégico. «Temos vivido sempre juntos e há uma relação profunda entre as duas entidades: sem prejuízo de autonomia que é necessária, mas com proximidade e com articulação que é precisa. E, neste sentido, o banco é absolutamente estratégico e fundamental para a associação. Não está à venda. Temos que ser sempre a entidade titular», salientou. 

E apesar de admitir o capital da instituição financeira, mesmo numa posição de minoria, reconhece que antes disso há trabalho a fazer, nomeadamente na recuperação das imparidades que entretanto foram constituídas. «Com as imparidades atualmente constituídas temos o dever de recuperar estas imparidades porque elas traduziram-se em prejuízos no banco neste período de crise e foi suportado por aumentos de capitais que foram poupanças dos associados» e, como tal, defendeu que «qualquer parceria neste momento, implicaria que a recuperação dessas imparidades fosse partilhada por uma entidade da economia social que estivesse connosco».

A par da recuperação dos ativos, o candidato da lista A aposta ainda no aumento do número de associados, garantindo que «há um espaço de crescimento extraordinário em termos associativos» e no reforço da atual oferta, em particular, no domínio da saúde, da habitação, no apoio à velhice e à juventude. «Deveremos orientar o crescimento e o desenvolvimento de residências em função da procura consoante sintamos existir essa necessidade por parte dos associados, criando modalidades em que as pessoas se inscrevam. São áreas novas que queremos desenvolver e que têm um grande potencial de crescimento e de adesão», chegou a afirmar ao Nascer do SOL.

Quanto aos alertas deixados pela PwC nas últimas contas auditas, o candidato diz estar de consciência tranquila porque diz respeito aos ativos por impostos diferidos e à sua continuidade. «Discordamos dessa posição e os auditores anteriores tinham um entendimento diferente».

Pedro Corte Real: Entre a abertura do capital do banco e a auditoria forense

Pedro Corte Real, candidato da lista B, vai voltar à corrida da liderança da Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG), depois de ter integrado a lista de Fernando Ribeiro Mendes, no último ato eleitoral. Em entrevista ao Nascer do SOL, o responsável garantiu que acompanhou de perto a vida e as contas da associação, e como tal, entendeu que não fazia sentido não avançar. «Fomos acompanhando a vida da instituição e tentámos contribuir o máximo possível para os novos estatutos e para o regulamento eleitoral. Depois deste esforço, que foi acompanhado por um conjunto de atividades e que se traduziu num conjunto de documentos e de alertas às autoridades, não faria sentido não nos apresentarmos como uma solução credível, idónea, competente e independente aos associados».

Mas se a ideia inicial seria a de avançar com uma lista única contra a candidatura de continuidade, o objetivo acabou por ser posto de lado por falta de entendimento. «Fizemos um trabalho mais técnico, tentámos fazer um diagnóstico para perceber qual o estado da instituição. Claro que foi sempre um bocadinho incompleto porque nenhuma daquelas pessoas tinha qualquer assento nos órgãos quer executivos, quer de fiscalização. Mas chegou a um momento em que percebemos que algumas das premissas em que assentava uma concordância para haver uma lista única não estavam a ser cumpridas, e acabámos por seguir caminhos diferenciados», garantiu na mesma entrevista.

Pedro Corte Real garante que é a única lista diferenciadora face aos seus concorrentes. E explica porquê: «Para os associados é completamente indiferente votar na lista A ou na lista D». O o que sobra? A sua lista onde, de acordo com o candidato, houve uma preocupação em apresentar «currículos competentes, idóneos, credíveis, totalmente independentes e completamente capazes de agir com total independência». E a lista C, que no seu entender, assenta numa lógica partidária. 

Aposta num novo rumo
Para Pedro Corte Real não há dúvidas que é necessário dar um novo rumo à Mutualista, chamando a atenção para o facto do Banco Montepio pesar demasiado no ativo da casa mãe. Uma situação que representa uma «total violação da lei ao concentrar 86% do seu balanço num único ativo que é o banco, quando por lei o máximo que poderia ter era 10%». 
E face a esse cenário chamou a atenção do supervisor da Mutualista que até à data nada fez. Ainda assim, o responsável acredita que o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social está à espera do resultado das eleições para tomar uma posição. «O que entendo é que o Ministério não tem uma equipa competente e credível com quem se sentar para resolver o problema e está à espera do resultado destas eleições», disse quando falou com o Nascer do SOL.
Mas até lá, o candidato fez as contas às perdas da Mutualista: «Quando olhamos para os últimos três anos e para perceber o que foi esta gestão bicéfala Tomás Correia e Virgílio Lima vê-se que perdemos 14.344 associados». 

E as perdas não ficam por aqui. De acordo com os seus números, as inscrições em modalidades contam com menos 25.898 e a agravar a situação está a componente financeira. «O total de capitais próprios consolidados, se excluirmos um ativo virtual que tem o nome de ativo por imposto diferido, passou de 599 milhões negativos, em 2019, para 794 milhões negativos, em 2020», ou seja, esta administração em três anos perdeu mais de 62% dos capitais próprios. «Passaram de 260 milhões para 95 milhões», referiu.

Abrir capital do banco
Para Pedro Corte Real, uma das soluções para o Banco Montepio é abrir o capital a um investidor, mas ao contrário dos outros candidatos, não admite exclusividade a um parceiro da economia social. «Com a informação que temos só vai ser possível recuperar a instituição e reconstruir o Montepio com todo o tipo de ajudas», acrescentando que «se for um parceiro de economia social é perfeito, há um alinhamento muito mais imediato, mas não tem que ser».
A ideia, segundo o candidato, é captar um parceiro que traga ideias e, acima de tudo, que esteja alinhado a longo prazo com os objetivos da Mutualista, o que não implica necessariamente que esteja ligado à economia social. «Acredito que haja muitos parceiros nacionais e internacionais que estarão disponíveis, dentro da economia social e fora da economia social. Agora não vamos dizer que ‘só podem vir parceiros da economia social’?», garantiu na entrevista dada ao nosso jornal.

Recusando a ideia que isso poderá desvirtuar o conceito da instituição financeira e, em que a maioria do capital continuaria nas mãos da associação. «Não vamos vender o banco porque há um conjunto de responsabilidades que terão de ser assumidas por todas as partes. A Associação Mutualista terá sempre a maioria do capital e a maioria dos votos», afirmou.

Pedro Corte Real não afasta a ideia de avançar com uma auditoria forense caso ganhe as eleições. «Se chegarmos à conclusão que há um conjunto de situações que merecem outro estilo de atenção não fechamos a porta a uma auditoria forense. Não vamos abdicar disso, se há responsabilidades que estão além de uma má gestão ou de uma gestão danosa como está patente nas contas e se há uma situação que exige outro estilo de abordagem que nos permita recuperar os capitais e acelerar todo este processo não vamos deixar de fazer isso».

Eugénio Rosa: Cortar nos salários da administração e apostar na habitação

O fracasso de avançar uma lista única trocou as voltas a Eugénio Rosa. A ideia era o economista avançar para o conselho fiscal, mas depois do fracasso das negociações acabou por avançar para a corrida à liderança da Mutualista, apresentando-se como candidato da lista C. Ainda assim, em entrevista ao Nascer do SOL, reconheceu que «os problemas na Associação Mutualista e em todo o grupo são extremamente graves e difíceis de resolver e a unidade seria fundamental», o que acabou por não ser possível. 

Mas com ou sem consenso entre listas, Eugénio Rosa lembrou que essa unificação vai ter de existir com a recém criada Assembleia de Representes, uma vez que, esta vai ficar fragmentada, tal como acontece com o Parlamento. «Há quatro listas, a assembleia vai contar com 30 elementos e cada lista vai eleger membros. Para haver uma maioria é preciso 16 e ninguém vai ter 16 com certeza. Vai ser preciso fazer alianças para questões importantes, porque o Montepio é um aglomerado de empresas, tem mais de 30 empresas e é preciso ver quais são aquelas que têm interesse», lembrou na mesma entrevista. 

Uma das prioridades do candidato é fazer um verdadeiro raio-x à situação financeira do grupo e que dá cartão vermelho. «O que tem acontecido nos últimos anos é que as empresas não servem a Associação e usam a Associação Mutualista para se recapitalizar. Por exemplo, o Banco Montepio há 14 anos que não transfere qualquer dividendo para a Associação, o que é uma situação quase insustentável. Se o investimento é de 2.420 milhões de euros e agora está reduzido a 1.376 milhões de euros, então não rende nada», afirmou. 

O candidato tece ainda um cenário negro ao grupo e explicou porquê: «Se houver algum problema é preciso vender as empresas. O próprio banco não pode emprestar qualquer valor à Associação Mutualista, até porque há limites: só pode emprestar 10%, isto significa que o máximo que podia emprestar seriam 130 ou 140 milhões de euros que são os tais 10% dos capitais próprios. Há sem dúvida uma situação de aperto». 

E para dar a volta a esta situação, Eugénio Rosa defende que é necessário recentrar a Associação Mutualista na sua missão, cumprindo os seus estatutos e desenvolvendo ações de proteção social, nomeadamente na área da Segurança Social. 

Também a saúde, no seu entender, não pode ficar esquecida. O mesmo deverá acontecer na habitação. «A ideia é dividir a vida dos associados por ciclos de vida porque há necessidades diferentes. Quando se está no princípio da vida ativa um dos grandes problemas que existe é o da habitação, já no fim da vida, em principio, já não existe esse problema», afirmou. 

Eugénio Rosa chama ainda a atenção para o facto de a Associação Mutualista não ter dinheiro, nem poder investir mais porque caso contrário concentraria ainda mais o risco.

O candidato da lista C afasta a ideia de vender o banco, mas defende que o Estado deveria entrar como garantia, mas sem ser em dinheiro. A ideia, de acordo com o responsável, é simples: «O Estado devia entrar como garantia porque o banco quando foi ao mercado para emitir dívida subordinada ofereceu uma taxa de 9 e 10% e não conseguiu obter compradores, de tal maneira, que nas últimas emissões de dívida subordinada foi a Associação Mutualista que teve de adquirir. Não é possível ir ao mercado obter dinheiro para fazer pagamentos a estas taxas».

E os problemas não ficam por aqui. «O banco  está registado nas contas da Associação Mutualista por 1.500 milhões de euros, mas em valor de mercado vale menos. Agora é preciso tempo para recuperar parte do que foi destruído», acrescenta. 

Corte de salários e aposta na habitação
Uma das políticas de bandeira do candidato da lista C assenta na produção de respostas habitacionais de caráter não especulativo’. A ideia passa por posicionar a Mutualista como parceira estrutural para a execução do Plano de Recuperação Resiliência (PRR), assim apoiar outras formas de produzir habitação que se possam inscrever nas lógicas de Parceria Público-Comunitária. 

«O Banco Montepio tem no seu património várias habitações, apartamentos e terrenos, como forma de pagamento por crédito que não conseguiu cobrar. A ideia é recuperar esses apartamentos e pô-los em regime de arrendamento, já os terrenos podem ser construídos e isso poderia ser articulado com o PRR e com o apoio do Banco Montepio». No entanto, garantiu que a instituição financeira como não tem conseguido fazer esse trabalho tem aposta na venda, tanto de imóveis como de terrenos, a preço de saldo. 

Uma situação que poderá ganhar novo fôlego com o fim das moratórias. «Recebemos muitos apartamentos porque as pessoas não conseguiam pagar o crédito e agora é natural que venhamos a receber mais com o fim das moratórias. Isso é um ativo muito importante, mas que não produz nada. Se ganharmos temos de fazer um levantamento dos terrenos e das casas e pô-los à disposição dos associados», garantiu, na mesma entrevista.

Outra aposta passa pela redução dos salários da administração. «Queremos avançar com um conjunto de medidas que podem não ter um peso financeiro grande, mas têm um valor simbólico importante. É certo que não são revelados os salários dos administradores, mas de acordo com os últimos números que tivemos acesso, altura em que Tomás Correia era também administrador do banco, os valores rondavam os 31 mil euros por mês, enquanto os vogais ganhavam entre 25 a 26 mil euros. Além disso têm acesso a carros de alta gama, a despesas todas pagas, assim como a cartões de crédito».

Para já, não quis avançar com um valor, mas lembrou que, na outra candidatura chegou a propor reduzir, pelo menos, para metade. «Não é reduzir simbolicamente. É preciso passar a mensagem de que agora vai ser diferente e essa diferença passa por nós. Se a atual administração gastar três ou quatro milhões por ano nesse tipo de despesas, reduzir esses gastos para metade terá um impacto simbólico».

Pedro Gouveia Alves: Ciclo de regeneração e aposta nos quadros internos

«O Montepio não pode continuar a dar-se ao luxo de perder dinheiro. Enquanto profissionais de gestão, responsáveis, pessoas da casa, com o conhecimento que temos da situação do grupo e assistindo a este ciclo de desvalorização ao longo destes últimos anos, o que fizemos, de forma abnegada, foi colocarmo-nos ao serviço da Associação Mutualista para servir os associados». A garantia foi dada por Pedro Gouveia Alves, candidato da lista D, em entrevista ao Nascer do SOL. 

Também para o responsável é necessário apostar num novo ciclo de regeneração. E explica porquê: «São 600 mil associados e quase quatro mil postos de trabalho em todo o grupo» e lembra que o peso da economia social em Portugal está muito aquém dos países desenvolvidos, nomeadamente os países anglo-saxónicos, do Norte e do centro da Europa. «Em Portugal, o peso da economia social no valor acrescentado bruto é de 6,5%, enquanto em outras economias chega a ter 15%».

E não hesitou: «Temos de acabar com a aventura da continuidade e da contínua desvalorização dos ativos da Associação Mutualista. Os associados têm que ponderar muito bem nestas eleições, escolher entre aquilo que é o passado e aquilo que é o futuro. E o futuro da Associação Mutualista é um futuro de valorização. Não é um futuro de contínua prova de desvalorização dos nossos ativos. Temos de acabar com essa aventura da continuidade».

Para provar este cenário deu números: «Em quatro anos houve um decréscimo de capitais próprios na Associação Mutualista de 83%», culpando a atual administração por esta realidade.

Uma situação que tem de se inverter, já que entende que as gerações mais novas esperam de entidades da economia social e, nomeadamente do mutualismo, uma participação mais ativa na melhoria da qualidade de vida das pessoas. «Não só no caso das pessoas que estão na vida ativa, que vivem do rendimento do trabalho e que complementam as suas poupanças com a subscrição de modalidades mutualistas de previdência e de proteção que lhes permita assegurar essa qualidade de vida mesmo, como também quando chegarem à idade pós-ativa, ou seja, à idade em que vão necessitar de ter um apoio complementar uma vez que o sistema de Segurança Social público não vai ter capacidade de acorrer a todas as pessoas».

E é neste campo que a Mutualista tem uma palavra a dizer, de acordo com o candidato, mas que não está disponível a todos. Um dos casos mais emblemáticos diz respeito às residências seniores que segundo o mesmo, está «adstrita numa parte muito significativa à rede de cuidados continuados pública, não permitindo o acesso por parte dos associados à capacidade instalada que a rede tem», daí defender a criação de uma rede de apoio domiciliário nacional e ao mesmo tempo, facilitar o acesso por parte dos associados às residências Montepio e dar-lhes essa prioridade. 

E a ideia não é ficar por aqui. Pedro Gouveia Alves aposta no lançamento da modalidade mutualista de saúde que estava prevista na revisão do regulamento de benefícios, mas que acabou por não ver a luz do dia. «O que foi feito em 2017 foi lançar o cartão Montepio Saúde que, ainda assim, foi um avanço muito significativo do ponto de vista de condições a disponibilizar aos associados, nomeadamente no acesso a uma rede convencionada com preços muito mais vantajosos. Mas é um cartão de descontos, não é um cartão de cobertura de riscos de saúde», referiu na mesma entrevista.
 
E o banco?
Para o candidato da lista D, o futuro do Banco Montepio não passa por abrir o seu capital a entidades que não tenha natureza da economia social. No entanto, reconhece que para atrair eventuais investidores nesta área será necessário apresentar «uma verdadeira e concreta proposta de valor para estes novos investidores da economia social».

E vai mais longe: «Na situação em que o banco está, assim como os outros ativos da associação mutualista,  de desvalorização, naturalmente é difícil apresentar uma proposta de valor que capte investidores da área social». E para ultrapassar essa situação defende que é necessário voltar a retomar uma rentabilidade de capitais próprios adequada. «Até lá, o que temos de fazer é trabalhar muito na estabilização destes valores e que é feita através de rigor na gestão. Desde logo na conceção de planos de negócio», avançou ao nosso jornal.

E lamenta que, nos últimos anos, se esteja a assistir a um consumo muito significativo de capital por parte de todas as participadas da Associação Mutualista.

«Fala-se, por exemplo, que ‘estas entidades tiveram uma enorme dificuldade durante a pandemia e, portanto, tiveram resultados negativos’. Bom, o grupo Montepio foi o único que teve entidades da banca e seguros a dar resultados negativos durante a pandemia. Todos os outros deram resultados positivos. Por isso, o problema é estrutural. O tema é o rigor na gestão que é preciso imprimir a estas entidades», referiu, na altura, ao Nascer do SOL.

Apesar de afastar uma ‘revolução’ nas estruturas administrativas lembrou que o banco tem de respeitar o que está consagrado no código das sociedades comerciais que é a independência de gestão da equipa de gestão. Mas, num cenário de alterações, garante que irá dar prioridade aos quadros internos.

«O grupo Montepio tem pessoas muito qualificadas, com grande talento, com grande experiência profissional, com provas dadas em diversas áreas. Tem uma equipa que a determinada altura foi completamente rejuvenescida e que hoje apresenta um grau de experiência e um grau de qualificação bastante elevados que não ficam aquém de nenhuns outros no mercado. Só depois de esgotadas todas as possibilidades dentro é que iremos buscar fora», salientou.  
No caso de vencer, Pedro Gouveia Alves acena com várias medidas a implementar nos primeiros cem dias de mandado e descarta qualquer ligação a Tomás Correia. «Quem privou mais com ele são os elementos da lista A que compunham a sua equipa e foram escolhidos por ele». 

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