Governo dos Açores anuncia uma “aposta estratégica” na prevenção das dependências

O secretário da Saúde do Governo dos Açores, Clélio Meneses considerou as dependências como um “problema transversal” que afeta a sociedade açoriana de forma “dramática”.

O secretário da Saúde do Governo dos Açores, Clélio Meneses, afirmou na segunda-feira, que o executivo tem uma "aposta estratégica muito grande" na prevenção das dependências. Em declarações à Lusa, o governante, membro do executivo PSD/CDS-PP/PPM, considerou as dependências como um "problema transversal" que afeta a sociedade açoriana de forma "dramática".

"Há, da parte do Governo, uma aposta estratégica muito grande na prevenção porque entendemos que é isto que, a médio e a longo prazo, vai fazer com que não tenhamos o problema que está a existir nos Açores", declarou, após a entrega de uma viatura à ARRISCA – Associação Regional de Reabilitação e Integração Sociocultural dos Açores, com sede em Ponta Delgada, lembrando que o governo açoriano já apresentou um plano "robusto" e "muito bem definido" para combater as dependências na região.

"Apresentamos já um plano de prevenção para as dependências. Entendemos que uma grande parte desse trabalho deve ser a montante, através da prevenção", frisou, revelando que nos Açores, os números são “assustadores” em termos de dependências (significativamente superiores aos nacionais). “O que quer dizer que temos de atuar em força nessa área", reconheceu Clélio Meneses.

O governante considerou ainda que as novas substâncias psicoativas "são um problema grave", porque "não estão criminalizadas". "Da parte do governo, o que compete não é criminalizar. O que nos compete é prevenir e tratar quando necessário", elucidou. 

Segundo um estudo de 2019, do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD), dedicado aos jovens entre os 13 e os 18 anos, os Açores estão acima da média nacional no consumo de álcool, tabaco, droga e outros comportamentos aditivos. Os dados do SICAD colocam os Açores acima da média do país, tanto no consumo ao longo da vida (17,3% contra 15% a nível nacional), como no consumo nos últimos 12 meses (15,2% contra 13,5% a nível nacional).

O secretário regional entregou na terça-feira uma viatura à Arrisca, que teve a comparticipação do executivo açoriano em 30 mil euros, sendo que a intervenção no interior da viatura foi promovida pelos próprios utentes da associação.

Clélio Meneses avançou que, no âmbito do combate às substâncias psicoativas, vai ser distribuída uma viatura à Associação Alternativa, em Ponta Delgada, e outra à Unidade de Saúde da Ilha Terceira.

Por sua vez, o presidente da ARRISCA, Gil Sousa, realçou que a carrinha vai permitir uma intervenção "muito digna" e "mais descentralizada": "Esta carrinha vai ter uma importância muito grande e significativa na intervenção da ARRISCA porque temos vindo ao longo dos anos a desenvolver uma intervenção cada vez mais descentralizada e realizada no território junto das pessoas", afirmou à Lusa, considerando "fundamental" desenvolver uma "estratégia de proximidade" e promover a "literacia em saúde" para combater as dependências na região.

"Quando falamos de toxicodependência, estamos a falar numa doença crónica. A recaída faz parte desse processo. Temos de combater precocemente, apostando na intervenção. Esse é um trabalho que temos vindo a desenvolver ao longo dos anos", defendeu.