Marta Ortega. Das vendas na Zara à liderança da Inditex

Na infância, vestia Zara sem saber que o pai, Amancio Ortega, era o dono. Começou como assistente de vendas numa loja daquela marca, em Londres. Agora, carrega um império às costas. Aos 37 anos, a empresária vai assumir o cargo de presidente da Inditex, o maior grupo têxtil do mundo.

Quando era criança não fazia ideia que o seu pai era dono de uma das maiores marcas de fast fashion do mundo.

Entretanto, o império Inditex foi crescendo e Marta Ortega também. Aos 37 anos, a filha de Amancio Ortega, fundador daquele grupo têxtil espanhol, foi nomeada para presidente da empresa que detém marcas como Zara, Pull and Bear, Massimo Dutti, Oysho ou Uterqüe.  

Há cerca de 14 anos, a espanhola daria os seus primeiros passos na empresa, enquanto assistente de vendas numa das lojas da Zara na King’s Road, em Londres. «Na primeira semana pensei que não iria sobreviver», contou a própria em agosto deste ano em entrevista à WSJ Magazine.

Apesar da sua carreira ter arrancado nas bases da cadeia hierárquica, desde 2007 foi ocupando vários cargos neste gigante dos têxteis, sobretudo no departamento criativo. Agora, a partir de abril do próximo ano, passará a exercer o cargo de presidente, substituindo Pablo Isla, presidente da Inditex desde 2011, quando Amancio Ortega se reformou. 
Nos últimos tempos, a herdeira do império Ortega dedicou-se quase exclusivamente à introdução de coleções premium, como a SRPLS, e à gestão de imagem da Zara, uma das grandes marcas do grupo.

Quem conhece o seu trabalho descreve-a como «a arma secreta para o sucesso da Zara». Segundo Fabien Baron, diretor criativo independente que já trabalhou com marcas como Dior, Calvin Klein e Burberry, Marta Ortega «é como uma voz oculta da marca». «Traz uma camada de sofisticação que talvez não existisse… O seu pai construiu o negócio e ela está a construir uma comunidade que irá ajudar a empresa a atingir outro nível», cita a WSJ Magazine.

Nascida a 10 de janeiro de 1984, na Corunha, Espanha, da união entre Amancio Ortega e a sua segunda esposa, Flora Perez, a empresária revelou que quando era mais nova desconhecia a dimensão do império que os pais geriam, apenas sabia que estavam ligados ao ramo da moda e que viajavam muito. Foi, aliás, uma amiga de infância, Tamara Sánchez, agora também responsável pelo departamento de malhas da Zara, que desvendou o mistério quando lhe perguntou porque é que as roupas que vestia eram sempre da Zara. Só nesse peculiar episódio percebeu que os pais eram donos de um dos maiores e mais prósperos negócios têxteis do mundo.

Já na adolescência, apaixonou-se pelo processo de criação de imagem, numa altura em que competia em provas de hipismo, modalidade que ainda segue de perto. Para a empresária, a imagem de uma marca tem um peso considerável.

Tanto é que os editoriais da Zara são comparáveis aos de grandes casas de moda, tendo já contado com a supermodelo Kate Moss e fotógrafos de renome como Steven Meisel, David Sims, Craig McDean e Zoë Ghertner. «Penso que é importante construir pontes entre a alta-costura e o streetwear, entre a arte e a funcionalidade», afirmou.

E deverão ser estas as linhas orientadoras de Marta Ortega quando, em abril de 2022, tomar as rédeas da líder mundial de roupa a retalho. O grupo Inditex está presente nos cinco cantos do mundo com mais de 6.500 lojas e teve um lucro de 1.106 milhões de euros no seu exercício fiscal de 2020.