Covid-19. Lisboa com maior subida de diagnósticos nos últimos dias

Regiões Centro e Algarve mantêm-se com a maior incidência, mas contágios estão a acelerar em Lisboa. Infeções voltam a subir em maiores de 80.

É na região de Lisboa que os diagnósticos de covid-19 mais estão a aumentar esta semana, tendo sido quebrado a nível nacional o abrandamento que havia na notificação de novas infeções. Nos últimos sete dias os diagnósticos aumentaram 21% em Lisboa, o dobro do resto do país. A região Centro e o Algarve continuam a registar os maiores níveis de incidência, mas agora apenas o Alentejo ainda não alcançou o patamar de risco muito elevado, fixado nos 480 casos por 100 mil habitantes num período de 14 dias. A partir da distribuição de casos por faixa etária é possível perceber que a tendência de diminuição de diagnósticos na população com mais de 80 anos que se estava a registar nas últimas duas semanas se esbateu nos últimos dias, com este grupo etário que tem sido menos afetado pelo recrudescimento da epidemia a registar um novo aumento de diagnósticos nos primeiros dias desta semana. São uma minoria dos casos mas tem sido desde o início da pandemia o grupo com maior risco. Os diagnósticos em jovens continuam a representar a grande maioria, das crianças à população em idade ativa. Nos hospitais, a situação permanece relativamente estável nas enfermarias mas a aumentar nos cuidados intensivos. O São João, no Porto, já reativou o hospital de campanha, perante o aumento de casos suspeitos a chegar às urgências face ao que se registou em novembro.

NATAL SEM RESTRIÇÕES MAS COM APELO AO BOM SENSO Esta quinta-feira em Conselho de Ministros não foram anunciadas novas medidas para o período festivo, mas a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, indicou que a ministra da Saúde fará um ponto de situação sobre a epidemia esta sexta-feira. “Ao longo desta semana reunimos – a ministra da Presidência e da Saúde – com os peritos do Infarmed”, começou por afirmar, acrescentando que as conclusões serão “apresentadas amanhã” pela ministra da Saúde. Em Bruxelas, à entrada para o Conselho Europeu, o primeiro-ministro adiantou que a obrigatoriedade de apresentação de um teste negativo à covid-19 para entrar nas fronteiras de Portugal deverá manter-se após 9 de janeiro e disse que o Governo tem de estar preparado “para adotar qualquer medida que venha a ser necessária”, com a rapidez exigida para controlar a escalada de contágios de covid-19 que está a ser registada em todo o mundo. António Costa pareceu no entanto afastar qualquer nova medida para o período de festas. Disse esperar que a semana entre 2 e 9 de janeiro “seja mesmo de contenção”, apelando à compreensão e à cautela dos portugueses, destacando as “medidas de autoproteção – uso de máscara, de gel e testagem, testagem, testagem…”.

“Estamos perto do Natal, as famílias vão reunir-se, e reafirmo aqui o apelo que tenho feito para que, antes de se reunirem, façam pelo menos um autoteste”, referiu.

Um dos problemas no entanto é que as marcações para testes estão apertadas e os auto testes nos supermercados chegam a conta gotas. “Amanhã vamos receber mas venha cedo, porque vão chegar 20 caixas”, ouviu o i num supermercado de Lisboa. O Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças aconselhou os países a implementarem medidas de redução de contactos como supressão de eventos de massas e a aconselharem a população a diminuir fortemente contactos nas épocas festivas, recomendando também o planeamento da resposta nos hospitais. Questionado pelo i esta semana, o Ministério da Saúde não antecipou medidas. Os peritos tentam projetar qual poderá ser o impacto da nova variante, mas a incerteza é muita. No Reino Unido, os diagnósticos superaram nos últimos dias o pico da vaga de inverno, o que em Portugal está agora projetado que poderá acontecer na última semana do ano. Carlos Antunes, investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, estimou ao i que o país poderá registar 10 a 12 mil casos entre a semana de Natal e Ano Novo, projeções que estão diariamente a ser atualizadas. Para o último dia do ano previa-se ontem que o país já possa estar nos 16 mil casos diários. “É muito difícil projetar face a uma elevada incerteza da Omicron, do comportamento das pessoas, e da resposta e capacidade da Saúde Pública”, explicou ao i o investigador.