Praça do Império já não tem brasões florais

As obras de ampliação e reconversão dos jardins da Praça do Império, frente aos Jerónimos, em Lisboa, já começaram. E os brasões florais já começaram a ser removidos. 

Os jardins da Praça do Império, em frente ao Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, já há semanas que estão entaipados, e as obras de requalificação – reconversão e ampliação – já começaram há dias.

Como o Nascer do SOL pode testemunhar (e a fotografia da primeira página desta edição reproduz), a polémica remoção dos brasões florais representando as capitais de distrito e das antigas colónias também já começou – sendo visíveis os enormes retângulos de terra que foram verdadeiras obras de arte da escola de jardinagem do Município de Lisboa.

Curiosamente, a remoção dos famosos brasões florais acaba por marcar o início do mandato da coligação de direita liderada por Carlos Moedas, que apeou a maioria de esquerda que nos últimos anos conduziu os destinos da capital. O Nascer do SOL tentou obter uma resposta do gabinete do novo presidente da Câmara, mas em vão.

A remoção dos brasões florais dos jardins da Praça do Império está prevista no projecto de requalificação e ampliação da autoria do ateliê de arquitetura paisagista de Cristina Castel-Branco.

A remoção dos brasões gerou forte polémica ao longo do ano, tendo existido várias petições e movimentos de contestação, incluindo o da Nova Portugalidade.

Esta, em vésperas das eleições autárquicas de setembro, chegou a acordo com a Câmara de Lisboa – representada pelo seu vereador José Sá Fernandes – para que os brasões florais permeanecessem no espaço através de desenhos na calçada portuguesa.

A solução procurou encontrar um meio termo entre aqueles que queriam ver os brasões removidos, como Sá Fernandes, vereador do Ambiente, Clima e Energia, Estrutura Verde e Serviços Urbanos, e o movimento Nova Portugalidade, que se bateu pela manutenção dos mesmos.

A ideia de remover os brasões da Praça do Império não é nova, e está sobre a mesa desde, pelo menos, 2016. Agora, no entanto, parece ter sido encontrada uma solução para o espaço na zona de Belém. Recorde-se, no entanto, que a discussão deu, recentemente, que falar na Assembleia Municipal da capital, como o Nascer do SOL noticiou na semana passada.

Em causa estava uma recomendação do Executivo anterior, que pretendia ver instalado um percurso interpretativo no túnel de acesso ao Padrão dos Descobrimentos, em vez dos brasões. O debate foi aceso, e estendeu-se muito para além da temática dos brasões. Leonor Rosas, do BE, acusou, na altura, a petição feita pela Nova Portugalidade de estar «pejada de saudosismo colonial e de falsidades históricas».

Em resposta, Luís Newton, do PSD, atacou: «O PSD não recebe lições de democracia nem de tolerância de partidos que defendem a Coreia do Norte, que defendem a Venezuela, que defendem a Cuba comunista».

Discussões à margem, a verdade é que os brasões florais – uma arte da desaparecida escola de jardineiros de Lisboa – desaparecem.