Variante Omicron já é dominante em Portugal. Maior subida de infeções em Lisboa e na Madeira

Dados de monitorização em tempo real apresentados esta terça-feira pelo INSA indicam que, tal com antecipado na semana passada pelos peritos, a variante Omicron já representa mais de 50% dos novos casos de covid-19 no país. 

A variante Omicron já é responsável pela maioria dos novos casos de infeção com o Sars-Cov-2 que estão a ser dianosticados em Portugal. O ponto de situação é feito como habitualmente às terças-feiras pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, que adianta que a metodologia de seguimento da nova variante em tempo real, que assenta na monitorização dos resultados de testes PCR em que é possível ver se existe uma falha associada à variante, sugere que, esta semana, mais de 50% dos casos já são associados à Omicron. Esta foi a progressão antecipada na semana passada e de que deu também nota a ministra da Saúde, confirmando-se agora com os resultados dos testes PCR que esta segunda-feira, 20 de dezembro, a Omicron já tinha uma proporção estimada de 46,9%.

Em termos de casos confirmados por via de sequenciação genética, análise que o INSA faz a uma amostra aleatória de casos no país e cujos resultados são obtidos com maior desfasamento, são agora divulgados pelo instituto os dados da semana até 12 de dezembro, quando a variante representava 2,5% dos casos analisados, mas note-se que até ao momento só há resultados de 200 análises dessa semana, é possível ler no relatório do INSA. A ferramenta de monitorização em tempo real acaba por permitir assim um acompanhamento mais fidedigno da situação epidemiológica no país, com os investigadores a indicarem que até ao início de dezembro a circulação da Omicron seria residual, tendo disparado a partir daí e que agora a situação é sobreponível à que se vive no Reino Unido ou Dinamarca.

Lisboa com maior subida de casos

A nova variante é mais transmissível, estando o seu impacto em termos de maior ou menor severidade clínica ainda em análise – no Reino Unido, estimou-se uma duplicação de casos a cada dia e meio, com um R de 3, risco cinco vezes maior de reinfeção do que na Delta para quem já esteve infetado e redução da proteção conferida por duas doses da vacina, que mediante o reforço sobe para 50% a 80% nas primeiras duas semanas, analisou o Imperial College London, com base em 200 mil casos de Omicron no país, entre os tais casos prováveis em que há a falha do gene S e outros confirmados por sequenciação genética.

Em Portugal, a maior contagiosidade parece já estar a ter impacto na aceleração da pandemia em particular na região de Lisboa e na Madeira.

A análise é feita por Carlos Antunes, professor da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e membro da equipa que propôs ao Governo as linhas vermelhas de monitorização da epidemia. "A Omicron está já com elevada prevalência na Região Autónoma da Madeira, com situação semelhante na Região Autónoma dos Açores. Na região de LVT está a começar fortemente nas faixas etárias dos 20-29, 30-39 e 10-19 anos, embora em termos gerais ainda não seja perceptível uma transmissão compatível com esta variante", adiantou o investigador numa publicação. "As regiões do Centro, Algarve e Norte já passaram pelo pico da onda da variante Delta, verificando-se mesmo uma redução do nº médio de casos, ou seja, aparentemente ainda sem expressão da Omicron. Contudo, na Região Norte, à semelhança de LVT, as faixas de 20-39 anos mostram já aumentos compatíveis com elevada prevalência da Omicron."

"A boa notícia", escreve Carlos Antunes, "é a menor prevalência em UCI face à vaga de Julho, muito graças ao reforço vacinal. Apesar de um maior nº de casos que se verifica agora (cerca de 4 mil) comparativamente a Julho (cerca de 3 mil), temos menos camas em UCI, onde 90% estão ocupadas pelas faixas de 40-79 anos."

Na semana passada, o investigador antecipou ao i que com base na maior transmissibilidade da variante e a sua progressão face à Delta, seria expectável serem diagnosticados em Portugal 10 a 12 mil casos diários de covid-19 esta semana, 16 mil no fim do ano. Considerou então necessário aumentar a capacidade de testagem e equipas de rastreadores, que nas últimas semanas têm rondado os 500 e já não estão a rastrear todos os casos dentro dos patamares definidos nas linhas vemelhas, para manter uma percepção sobre a evolução da epidemia no país.