Por Maria Isabel Andrés Marques, Direção curso de Turismo e Gestão de Empresas Turísticas – Universidade Lusófona do Porto
Não, não se trata do dom de adivinhação, que não possuo, mas sim de uma reflexão sobre a atividade turística em tempos de pandemia.
É inegável que vivemos momentos de grande incerteza e que escrever umas linhas a dizer que o Turismo, como atividade económica, não vai terminar, pode parecer algo ingénuo ou até perturbador.
O Barómetro OMT do Turismo Mundial revela que as chegadas de turistas internacionais (visitantes que pernoitam) aumentaram 58% de julho a setembro de 2021, face ao mesmo período de 2020. Não obstante, estamos a falar de um valor 64% inferior ao de 2019, demonstração do fenómeno da retratilidade do Turismo.
A evolução do número de chegadas de turistas internacionais em ‘tempos pandémicos’ é reveladora de que a atividade turística depende de muitas variáveis e que os fatores psicossociológicos que conformam a motivação turística são muito complexos. Os seres humanos, curiosos e errantes, na busca da homeostasia e da fuga da rotina, abandonam a sua zona de conforto e partem! Somos nómadas, em génese, e o turismo, expressão do nomadismo moderno, é a prova disso!
A pandemia de covid-19 não tem um fim à vista e, por essa razão, a atividade turística está a demonstrar uma excecional capacidade de reação e de adaptação, apresentando inúmeras soluções orientadas à volatilidade do contexto atual, essenciais ao reajustamento do setor. Falamos, especialmente, da implementação de tecnologias e de procedimentos que permitem minimizar contactos sociais desnecessários e que, em suma, permitem ultrapassar inseguranças e dúvidas por parte dos clientes.
Certo é, no entanto, que o crescimento do turismo não está a acontecer de uma forma generalizada em todo o globo, o que se deve, em grande medida, à iniquidade no acesso à vacinação e também à falta de coordenação nas medidas de prevenção e dos procedimentos a ter em conta durante as viagens, o que pressupõe que a Europa apresente sinais de recuperação muito mais expressivos do que Ásia, o Médio Oriente e a África (Barómetro OMT, 2021).
Não sabemos quando terminará a pandemia de covid-19, mas sabemos que só poderemos falar de um fim quando todos os países apresentem o mesmo nível de recuperação, o que sabemos ser difícil, para não dizer impossível. Entretanto, o Turismo não vai acabar! Continuaremos a fazer viagens e a enfrentar as incertezas a elas inerentes, «os verdadeiros viajantes partem, nunca se desviam do seu destino, e, sem saber porquê, dizem sempre: – Vamos!» (Charles Baudelaire).