Gouveia e Melo vai ser nomeado chefe do Estado Maior da Armada

António Mendes Calado foi chamado ao ministro da Defesa e informado da exoneração. Gouveia e Melo toma posse esta quinta-feira. 

O chefe do Estado-Maior da Armada, António Mendes Calado, foi informado esta terça-feira à tarde da sua exoneração, estando em curso o processo para a nomeação do vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, por proposta do Governo. 
Segundo o i apurou junto de fontes militares, Mendes Calado foi chamado esta terça-feira ao gabinete do ministro da Defesa, tendo sido informado do processo de exoneração.

As diligências para a tomada de posse no cargo de CEMA de Gouveia e Melo estão em curso, tendo de passar mais uma vez pela pronúncia do conselho almirantado, que se reunirá hoje, sabe o i. Segue-se o parecer do chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, Silva Ribeiro. Após estas consultas, o Governo entregará a proposta de nomeação ao Presidente da Pública, a quem compete aceitar ou não. Segundo uma fonte contactada pelo i, seria impossível ser determinada a exoneração sem o parecer prévio do Presidente da República e este terá sido um dos temas da audiência de António Costa esta terça-feira com o Presidente da República, além da apresentação do novo pacote de medidas da pandemia. O i sabe que Marcelo já concordou com a nomeação do ex-homem forte da task-force da vacinação Gouveia e Melo e a tomada de posse será esta quinta-feira. 

Foi no final de setembro que surgiram as primeiras notícias sobre a nomeação de Gouveia e Melo para CEMA, o que na altura motivou um choque frontal entre o Governo e Belém, com Marcelo Rebelo de Sousa a censurar os “equívocos” que davam conta de que Mendes Calado estaria para ser substituído por Gouveia e Melo. Como o i noticiou na altura, a decisão do Governo de propor Gouveia e Melo a CEMA, terminada a função na task-force, caiu mal entre outros passíveis candidatos ao cargo, nomeadamente o chefe da Casa Militar. “O senhor almirante chefe do Estado-Maior da Armada viu o seu mandato renovado a partir do dia 1 de março deste ano. Normalmente essa renovação dura dois anos, mas mostrou uma disponibilidade, com elegância pessoal e institucional, para prescindir de parte do tempo para permitir que pudessem aceder à sua sucessão camaradas seus antes de deixarem a atividade, de deixarem o ativo. E, portanto, nessa altura foi acertado um determinado momento para isso ocorrer, que não é este momento”, afirmou na altura o PR, apontando este como um dos equívocos. Outro era que Mendes Calado saía por ser crítico da reforma orgânica das Forçadas Armadas e o terceiro que só poderia haver uma substituição terminado o exercício de funções. 

Contrariamente ao que tem sido escrito sobre o desejo de Gouveia e Melo de se dedicar à política, o futuro imediato do almirante passará pela cúpula militar, esse sim desejo que nunca escondeu. Na semana passada, questionado sobre uma eventual candidatura a Belém, respondeu “o futuro a Deus pertence e muita coisa pode acontecer” e assim acaba o filme.