Partidos apontam o dedo à mensagem de Natal de Costa

António Costa dirigiu-se ao país no dia de Natal, e, da esquerda à direita, ouviram-se críticas. 

 António Costa garantiu que a guerra contra a covid-19 ainda não acabou, considerando que é fundamental prosseguir o reforço vacinal em Portugal e elogiou o trabalho “inexcedível” dos profissionais de saúde e a resposta do SNS. A garantia foi dada pelo primeiro-ministro na sua habitual mensagem de Natal. “Depois do incansável trabalho em 2020; depois da dramática vaga que tiveram de enfrentar em janeiro e fevereiro deste ano, os profissionais de saúde foram mais uma vez inexcedíveis – e, neste caso, muito em especial os enfermeiros – na notável operação de vacinação”, referiu na sua sétima mensagem de Natal.

Mas as críticas não tardaram. O  vice-presidente do PSD André Coelho Lima classificou de “contida, geral e abstrata” a mensagem por incidir “apenas e só” na pandemia, como se devesse apenas à pandemia aquilo que corre mal no país. “Ao incidir a mensagem apenas e só na pandemia e numa análise geral sobre os efeitos desta, o senhor primeiro-ministro permite que passe a impressão que o que esteja a correr mal no nosso país se deve apenas e só aos efeitos diretos ou indiretos da pandemia e, todos sabemos, não ser verdade”, referiu. 

Também o CDS acusou o primeiro-ministro de querer resumir Portugal “à covid e ao medo da doença”, rejeitando o “confinamento político em que António Costa quer encerrar” o país até às legislativas. Para Filipa Correia Pinto, a mensagem do chefe do Governo “tem um único objetivo, confinar e resumir Portugal e a nossa vida coletiva à covid e ao medo da doença”.

Esquerda também não poupa

Já o BE apontou para um “discurso monotemático” e lamentou que não tenha tido “uma palavra” sobre a falta de professores ou o combate ao crime económico, apontando que se esperava “mais”. E Pedro Filipe Soares acrescentou: “Esperava-se mais” de “um discurso que em princípio é marcante sobre o momento” que o país atravessa. 

Uma opinião partilhada pelo ao defender que o primeiro-ministro devia ter apontado “uma perspetiva de resposta global aos problemas” dos portugueses e comprometer-se com o reforço dos profissionais do Serviço Nacional de Saúde. “Era preciso que a mensagem de Natal do primeiro-ministro apontasse uma perspetiva de resposta global aos problemas do país e do povo português, mas não foi isso que aconteceu”, afirmou João Oliveira.

Por seu lado, o PAN considera que os profissionais de saúde, elogiados pelo primeiro-ministro só serão reconhecidos com uma efetiva valorização das suas carreiras, das condições em que trabalham e um maior investimento no SNS. Teria sido importante “falar daquela que devia ser uma preocupação e um compromisso efetivo no combate à pobreza, em particular para chegarmos a quem perdeu os seus rendimentos, a quem está na condição de sem abrigo, mas também para a recuperação de salários e o aumento progressivo do que é o ordenado médio das nossas famílias”, disse Inês Sousa Real.

Mais críticas

O presidente do Chega defendeu que a mensagem de Natal do primeiro-ministro não traz “nada de novo” e demonstrou uma “incapacidade” de António Costa se responsabilizar pelos problemas do país, além de “esquizofrenia política”.

André Ventura foi mais longe: “Estas duas características marcam a mensagem de Natal de António Costa, a incapacidade de se auto responsabilizar e perceber que os erros que o seu Governo cometeu estão a gerar aos portugueses os problemas que hoje estamos a viver, e a esquizofrenia política de não perceber que tudo o que está em seu redor, que todos os grandes dramas que estamos a viver hoje, têm também o seu cunho e a sua mão enquanto primeiro-ministro”.

Também o presidente da Iniciativa Liberal considerou que o discurso foi uma mensagem “sem esperança, sem uma ideia de futuro” e acusou António Costa de não perder “uma oportunidade de fazer propaganda”.