Analise os gastos e entre em 2022 com o pé direito. Eis algumas dicas para avaliar o estado das suas finanças

Aproveite o fim do ano para analisar todos os gastos para que possa entrar com o pé direito financeiramente estável. O objetivo é simples: equilibrar o orçamento familiar.

Esta altura é a ideal para fazer um balanço da sua situação financeira. Tal como as empresas, também as famílias devem avaliar o estado das suas finanças, organizar as contas e definir objetivos para o ano que começa. O importante é evitar cometer os mesmos erros e definir um plano realista para as finanças familiares. Mas antes de definir uma estratégia, o ideal é conhecer bem o estado atual das suas contas. Para isso, damos-lhe algumas dicas para o ajudar a avaliar o estado das suas finanças. Confira passo a passo.

1. Elabore mapa de receitas e despesas 

O primeiro passo para avaliar a saúde das suas finanças é saber para onde está a ir o dinheiro. Faça um mapa de receitas e despesas, apontando diariamente todos os encargos, do empréstimo da casa ao café. Só fazendo uma lista exaustiva das despesas vai ser possível avaliar o caminho que o seu dinheiro está a tomar. Além disso, será possível avaliar o peso das diferentes despesas no orçamento familiar, de forma a reequilibrar as contas lá de casa. 
Por exemplo, no caso das despesas com a casa (empréstimo, juros, água, luz, gás, etc.), o ideal é que elas não pesem mais de 35% a 40% no seu orçamento total.

2. Analise a sua capacidade de endividamento 

Este indicador é cada vez mais importante para os bancos quando um cliente pede um empréstimo. Ou seja, é a chamada taxa de esforço. E o que significa isto? Na prática, não é mais do que verificar quanto pesam os créditos no seu orçamento. Quanto menor for o peso dos créditos no orçamento familiar, melhor. Por isso, verifique o que acontece no seu caso. Se os créditos ultrapassam os 40% e prevê que esse valor aumente, tenha atenção, porque está na zona de alerta e deve iniciar um plano para reduzir o endividamento o mais rapidamente que conseguir. Caso contrário, pode cair numa situação de risco que é a de sobre-endividado. 

3. Conheça o seu estado financeiro 

Financeiramente saudável, equilibrado, endividado ou sobre-endividado: qual o seu estado? Este indicador é o ideal para avaliar a sua situação atual. Ou seja, saudável será quem poupa mais de 20% do rendimento mensal. Financeiramente equilibrado será quem põe de parte até 20% do rendimento mensal. Endividados serão os que não conseguem poupar, ou seja, gastam tudo o que ganham; por fim, os sobre-endividados serão os que gastam mais do que ganham e já não conseguem pagar as dívidas. O importante é que consiga pôr algum dinheiro de parte. Estabeleça um valor para a poupança – por exemplo, 10% – a fazer assim que receba. Nunca espere pelo fim do mês para ver se sobra, porque geralmente isso não acontece.

4. Elimine os gastos excessivos

Não há nenhuma fórmula mágica para ter as contas equilibradas e conseguir poupar. Pelo contrário, é mais simples do que parece: ou ganha mais ou gasta menos. Como nas finanças pessoais nem sempre é fácil aumentar os rendimentos, há que controlar os custos. Depois de fazer o mapa de receitas e despesas, deve procurar identificar os gastos desnecessários que podem ser reduzidos ou eliminados sem que isso afete o seu bem-estar. Veja quanto pesam no seu orçamento. Pode estar aí a resposta para o facto de não poupar ou poupar pouco.

5. Veja onde pode eliminar dívidas

Anote todas as dívidas (quanto falta pagar, prestação, prazo e juros) e defina as que quer eliminar. Deve começar pelas dívidas com os juros mais altos. Se a curto prazo não vê qualquer possibilidade de eliminar ou reduzir dívidas, a sua capacidade de desendividamento é baixa. Aproveite os rendimentos extra para reduzir o peso das dívidas. Por exemplo, se está a pensar investir, com o subsídio de Natal, num depósito que não chega a atingir 1% de juro, mas tem uma dívida num cartão de crédito cujo juro está fixado em 17%, está a pagar ao banco um juro mais elevado do que aquele com que o banco o remunera a si. Se assim for, o ideal é amortizar a dívida. Defina um montante que deve pôr de parte para começar a eliminar as suas dívidas.

6. Verifique a sua situação líquida

Para conhecer a sua situação líquida há que compreender os seus ativos e passivos. Os primeiros representam o dinheiro que põe no bolso e aquilo que tem valor, enquanto os passivos são as suas dívidas. Por exemplo: os depósitos ou a casa são considerados ativos. Já o empréstimo da casa é um passivo. Avaliar a sua situação líquida vai ajudá-lo a compreender como ficariam as suas finanças se utilizasse todos os ativos para eliminar os passivos. Por essa razão, deverá aplicar a fórmula: ativos – passivos = saldo líquido. Se o resultado for positivo, está no bom caminho. Significa que, se vendesse tudo hoje, teria dinheiro suficiente para pagar as despesas e ainda sobrava capital. Se for negativo, talvez esteja na altura de reavaliar o seu orçamento.

7. Conheça o seu nível de liquidez 

Quando analisa as suas finanças pessoais, é importante que também avalie a liquidez. Para isso poderá utilizar a seguinte equação: ativos líquidos – passivos líquidos = liquidez. São considerados ativos líquidos todos os ativos convertíveis em dinheiro em menos de um ano. Passivos líquidos são as dívidas que podem ser pagas até um ano. O resultado indica o seu estado de liquidez e deve ser maior que um, porque esse é o ponto em que ambos os fatores são iguais. O ideal é que seja maior que dois, o que significa que os seus ativos líquidos são o dobro das dívidas de curto prazo. Por exemplo, se tem 1000 euros em depósitos e tem 500 euros no cartão de crédito, o resultado é 1000/500=2. 

8. Crie um fundo de emergência 

Para avaliar a sua condição financeira é indispensável que saiba se está prevenido contra imprevistos. Seja o desemprego, seja uma baixa ou outra situação de emergência, há imprevistos que podem representar um descontrolo total no orçamento. Faça a pergunta: se deixasse hoje de trabalhar, por exemplo, por ficar desempregado, quantos meses conseguiria sobreviver mantendo o mesmo nível de despesas? O ideal é ter um fundo de emergência (em ativos líquidos) que lhe permita viver pelo menos seis meses com o mesmo nível de despesas – ou seja, se tem 500 euros de despesas mensais, deverá ter um fundo de emergência de três mil euros.

9. Poupe para a reforma 

Já começou a poupar para a reforma? Esta é uma questão que deve levantar. Embora pareça sempre algo longínquo, a verdade é que os estudos mostram que, muito possivelmente, para conseguir manter o mesmo nível de vida na idade da reforma terá de ter um complemento extra. É difícil calcular exatamente de quanto vai precisar para a reforma, mas faça o seguinte exercício: imagine qual será o valor do seu salário na altura da reforma, aplique a taxa de substituição e determine o valor mensal de que vai necessitar. Multiplique esse valor mensal por 20 anos (esperança média de vida para mulheres aos 65 anos) e obterá o valor total aproximado do que terá de poupar para a reforma. Na posse deste número, calcule quanto terá de poupar por mês para lá chegar. 

10. (Re)organize a sua poupança 

Está a separar as suas poupanças em função dos objetivos? Se a resposta é não, talvez seja útil começar a fazê-lo. Crie diferentes categorias de poupança em função dos seus objetivos e sonhos. Pode definir três ou mais categorias e poupar mensalmente para cada uma delas. Ou seja, no caso de ter três categorias, do valor total que poupa mensalmente destine um terço a cada uma. Por exemplo: poupança para a reforma, fundo de emergência, para amortizar créditos, para carro, férias, etc. Esta separação vai permitir-lhe organizar melhor as poupanças e aumentar a saúde financeira do seu orçamento familiar, reequilibrando a sua vida financeira.